Que tal embarcar em uma jornada pela lendária ‘Rota dos Samurais’, trilhando caminhos que, por séculos, foram percorridos por samurais, lordes feudais e comerciantes?
A Rota Nakasendo é uma das trilhas mais famosas do Japão, cortando o Vale do Kiso nos Alpes Japoneses.
Pense naqueles vilarejos que parecem parados no tempo, com suas casa em madeira escura e lanternas de papel, conectados por um caminho que passa por matas, montanhas, riachos, cachoeiras e campos de arroz. Percorrendo os passos dos antigos viajantes ao longo da Nakasendo Road, é impossível não se sentir transportado para um cenário de filme de samurai.
Neste post, vou contar o que torna a Rota Nakasendo tão especial e como fazer a caminhada – desde já adianto: é fácil, bem sinalizada e não requer grande aptidão física.
Foi uma das experiências mais especiais que tivemos durante nossa viagem de quase um mês pelo Japão e garanto que será uma das suas também!
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Vem conferir todos os posts sobre o JAPÃO:
- O melhor do Japão neste super roteiro de 4 semanas
- Onde ficar em Tóquio
- O melhor de Quioto – o que fazer em 4 ou 5 dias na antiga capital japonesa
- Rota Alpina Tateyama Kurobe – como é a travessia dos Alpes Japoneses
- De Magome à Tsumago pela Rota Nakasendo, os mais lindos vilarejos do Japão medieval
- Roteiro de 2 dias em Hiroshima, com bate-e-volta a Miyajima
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Neste post, você vai encontrar:
ToggleO que é a Rota Nakasendo?
Rota Nakasendo (ou Nakasendo Road, em inglês) significa “estrada das montanhas centrais”. Era uma das cinco principais rotas que ligavam Edo (atual Tóquio) a Quioto, na época a capital japonesa, durante o Período Edo (1603-1868).
Esta rota de aproximadamente 500 quilômetros era usada por samurais, comerciantes e mensageiros. Ao longo do caminho haviam diversas “post towns”, pequenas aldeias onde os viajantes poderia descansar e passar a noite. Estima-se que havia cerca de 200 post towns ao longo das cinco rotas do período Edo. Na Nakasendo Road havia 69 post towns – era a rota com o maior número delas.
Magome (também chamada Magome-juku) e Tsumago (ou Tsumago-juku) são duas das post towns mais bem preservadas e o caminho entre elas é um dos poucos trechos que ainda resta da Rota Nakasendo original.
Foi exatamente esse trecho que fizemos em nossa viagem de 4 semanas pelo Japão.
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Atenção nessa dica de ouro para sua viagem ao Japão
Agora você deve estar pensando: como é que essa pessoa descobriu esse passeio completamente fora dos roteiros turísticos usuais do Japão?
Essa dica quem me deu foi o pessoal da Japan National Tourism Organization – JNTO, órgão oficial de turismo do governo japonês que está todos os fins de semana e feriados na Japan House São Paulo para te ajudar a planejar sua viagem ao Japão. Sou fã deles e estou segura em afirmar que se não fossem todas as dicas e orientações que nos deram, nossa viagem ao Japão não teria sido o sucesso que foi. É um serviço totalmente gratuito.
Foi lá que ouvi falar, pela primeira vez, da Rota Nakasendo e onde peguei algumas informações. O resto é o de sempre: reunindo o que achei na blogsfera com o pouco que o Lonely Planet trazia a respeito, metemos as caras e incluímos no currículo a satisfação de concluir esse passeio totalmente fora do óbvio no Japão!
Quer conhecer outro passeio também completamente fora da rota turística padrão do Japão? Vem ver como é a travessia dos Alpes Japoneses pela Rota Alpina Tateyama Kurobe.
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Como chegar a Magome ou Tsumago
Nós começamos a Rota Nakasendo em Magome; caso você começe em Tsumago, é só seguir essas orientações ao contrário 😉
A maneira mais comum de chegar em Magome é pegar um trem para a estação de Nagoya (fomos de Tokyo a Nagoya com o Shinkansen, o trem-bala japonês, com direito a avistar o Monte Fuji no caminho: fique no lado direito do vagão para ver a mais icônica montanha japonesa).
De Nagoya pegamos o trem regional para Nakatsugawa (JR Chuo Line Rapid Train). É possível chegar em Nakatsugawa de outras cidades da região, como Matsumoto ou Nagano.
Em Nakatsugawa é só pegar um ônibus local para Magome. O ponto de ônibus é exatamente em frente à estação, não tem erro. O Google Maps tem tudo mapeado e te mostra certinho o horário em que os ônibus partem, confiamos nas informações que o app forneceu e deu tudo certo.
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Onde ficar em Magome
Tanto em Magome quanto em Tsumago há algumas (porém não muitas) opções de acomodação. É possível se hospedar em outras cidades da região, como Nakatsugawa, Nagiso ou mesmo em Matsumoto e fazer a Rota Nakasendo como um day-trip.
Mas quanto mais eu pesquisava sobre a Rota Nakasendo, mais eu ficava convenciada que para experienciá-la de forma completa seria necessário dormir ao menos uma noite em uma das post towns.
Escolhemos pernoitar em Magome e, como não poderia deixar de ser, decidi que ficaríamos em um ryokan.
Ryokans são pousadas tradicionais japonesas. É aquela típica casa japonesa que habita nosso imaginário: quartos com piso de tatami, janelas de papel arroz, colchões de futon e portas deslizantes, refeições kaiseki e, para completar, banhos termais (onsen). Sem falar nos quimonos (yukatas) e chinelos de palha.
Nosso ryokan – Magome Chaya – tinha tudo isso, exceto o onsen. Foi a experiência de hospedagem mais fascinante que tivemos no Japão. Não era nada luxuosa (e reconheço que o travesseiro deixou a desejar), o banheiro era compartilhado, mas o contexto todo tornou aquele momento inesquecível.
Como ali no vilarejo tudo fecha a noite, optamos por jantar e tomar o café da manhã no ryokan. Ambas as refeições foram no melhor estilho tradicional japonês, uma sequência deliciosa de diversos pequenos pratos (kaiseki), sem dúvida uma das melhores refeições que fizemos nas quatro semanas pelo Japão.
Outras opções bem recomendadas em Magome são o Guesthouse Nedoko e o Tajimaya Ryokan, ambas também ryokans.
Confira a disponibilidade e valor das tarifas aqui:
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Serviço de despacho de malas na Rota Nakasendo
Antes que você me pergunte: você não precisa levar suas malas na trilha (a não ser que você queira, é claro).
Entre Magome e Tsumago há um serviço de despacho de malas.
Você deixa suas malas e mochilas no centro de informações turísticas de Magome e retira no equivalente de Tsumago, ou vice-versa.
Em Magome, o ponto de entrega das malas fica praticamente ao lado do ryokan Magome Chaya e em frente ao Toson Memorial Museu; em Tsumago fica no centro do vilarejo, ao lado dos correios.
Custa ¥ 1000 por volume; basta deixar as malas num dos centros de informação das 8h30 as 11h30 e retirá-la no outro das 13hs as 17hs.
Confirme no site oficial de Magome ou de Tsumago a época de funcionamento do serviço, que costuma operar de abril a novembro, e os horários de entrega e retirada na época que você pretende utilizá-lo.
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Quando fazer a trilha de Magome-Tsumago
A melhor época do ano para fazer a Rota Nakasendo entre Magome e Tsumago é de abril a novembro, quando não há (muita) neve. Nós fizemos em julho e foi perfeito.
(mas se eu pudesse, a faria no outono: as cores devem ser incríveis!)
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Como é fazer a Rota Nakasendo entre Magome e Tsumago
A trilha entre Magome e Tsumago tem aproximadamente 8 quilômetros e leva cerca de 2 a 3 horas para ser concluída.
Fomos num ritmo bem tranquilo, com paradas para descanso, contemplação e lanches, e levamos pouco mais de 3 horas para completá-la.
Não há cobrança de taxa, ou seja, o caminho é livre, aberto a todos e grátis.
A trilha é muito bem sinalizada, imagino que seja bem difícil conseguir se perder ao longo do caminho.
Magome está a aproximadamente 600 metros de altitude, Tsumago a 420 metros. O ponto mais alto da trilha – Magome Pass, fica a 801 metros sobre o nível do mar. Portanto, partindo de Magome o ganho em altitude é de 200 metros, e de Tsumago 380, o que faz a maior parte das pessoas escolhe o sentido Magome -> Tsumago.
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Magome-juku
Logo na entrada de Magome-juku há um moinho d’água que é símbolo da cidade e uma curva fechada à direita – contruir as cidades com essas curvas logo na entrada era uma estratégia da época para forçar as tropas inimigas a reduzir a marcha e, assim, ganhar tempo para defesa.
Outra característica interessante do vilarejo é que Magome é uma das poucas post towns que fica em um morro, por isso a importância dos diversos moinhos d’água que, além de fornecer energia, auxiliam no combate a incêndios – a cidade foi queimada duas vezes, em 1895 e 1915.
Bem próximo ao Magome-Chaya ryokan está o Toson Memorial Museu, dedicado a um famoso escritor japonês – Shimazaki Toson, que nasceu e passou boa parte de sua infância na cidade.
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A trilha
Saindo de Magome, a trilha segue pela mata e áreas rurais por um bom trecho em subida – em grande parte com uma leve inclinação, mas há alguns trechos mais íngremes, inclusive com alguns conjuntos de degraus.
O trecho em subida tem 2,4km e ganho em altitude de cerca de 200m. O ponto mais alto é Magome Pass. A partir daí é só descida até Tsumago.
Cerca de 850m após o ponto mais alto da Rota, chega-se a Ichikokutochi Tatebachaya, uma casa de chá com mais de 300 anos de história – certamente a mais autêntica que você encontrará na sua viagem ao Japão, onde você pode parar para uma merecida pausa e tomar um chá de cortesia (neste local, ao contrário do usual no Japão, gorjetas são bem vindas!)
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A partir daí começa o trecho mais belo da rota (na minha opinião). Seguindo ao longo de um pequeno riacho, pela mata de ciprestes, cedros, bambus e bordos (maple tree), são cerca de 1,8km até as duas cachoeiras da jornada: a Odaki e a Medaki.
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Depois das cachoeiras, são mais 3,8 km até Tsumago.
Quando fomos, uma parte dessa etapa final estava bloqueada por um deslizamento de terra ocorrido alguns dias antes. Seguimos por cerca de uns 2km pela estrada pavimentada até a Ponte Omata, onde, já praticamente em Tsumago, retomamos o caminho histórico e fizemos os últimos metros da Rota Nakasendo.
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Tsumago
Ao chegar em Tsumago, fiquei impressionada: como essa vila pode ser tão diferente da anterior, e ao mesmo tempo tão parecida! (doida eu? sim, certamente!)
Em Tsumago, vale a pena conhecer o Nagisomachi Museum, que é composto por três partes: Waki Honjin Okuya (que data de 1877), Tsumago-juku Honjin e o arquivo histórico.
O Tsumago-juku Honjin é uma réplica em tamanho real das acomodações destinadas aos daimyos, os senhores feudais que governavam uma região, quando estes trilhavam a Rota Nakasendo.
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Almoçamos no restaurante Omote, bem ao lado do serviço de informações turísticas de Tsumago, onde retiramos nossas malas e, depois de curtir mais um pouco o vilarejo, descemos até o ponto de ônibus em direção a Nagiso.
Ah, não deixe de provar o goheimochi, o doce típico da região, uma espécie de espetinho de arroz grelhado com molho doce, delicioso!
Em Nagiso pegamos o trem para Matsumoto; no post com nosso roteiro de 4 semanas pelo Japão você confere o restante da viagem.
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Dicas para a caminhada
– Use roupas confortáveis e calçados adequados – não é necessário ser específico para trekking, um tenis esportivo é suficiente.
– Leve água e alguns snacks. Há alguns pontos no caminho em que é possível comprar água, sorvete e petiscos, sem falar na essencial parada na Ichikokutochi Tatebachaya para uma xícara de chá.
– Siga o caminho indicado e respeite o meio-ambiente: não deixe nada além de pegadas, não tire nada a não ser fotos, não leve nada a não ser recordações (e o seu lixo!).
– Se não for se hospedar em Tsumago (ou em Magome, caso faça a trilha no sentido oposto ao que fizemos), certifique-se de verificar os horários de ônibus de retorno – além de verificar no Google Maps, vale a pena passar no centro de informações turísticas e confirmar os horários de partida.
Em resumo, os dias que passamos em Magome e Tsumago, e o passeio pela Rota Nakasendo marcaram nossa viagem como o local em que nos sentimos realmente imersos no Japão tradicional e em sua beleza natural. A serenidade da paisagem e o charme das aldeias ao longo do caminho tornaram esta jornada uma experiência única.
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Se quiser saber mais sobre as duas cidades, confira o link da associação de turismo oficial de Magome-juku e Tsumago-juku (apenas em japonês e inglês).
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