Ushuaia, conhecida como “a cidade do fim do mundo”, não carrega esse epipeto à toa: é a cidade mais austral do planeta. Sabe a aquela ilha na pontinha sul da América do Sul, a Terra do Fogo? Ushuaia fica na costa sul dessa ilha. Aliás, “fim do mundo” é uma expressão que você não se cansará de ver e ouvir por lá.
O destino é uma combinação irresistível de histórias fascinantes, paisagens de tirar o fôlego, passeios inesquecíveis, trilhas para todos os níveis de aptidão física e inúmeras oportunidades para observar a fauna local. Sem falar no melhor da culinária argentina.
Localizada às margens do icônico Canal de Beagle — por onde Charles Darwin navegou em 1833 a bordo do HMS Beagle, sob o comando de FitzRoy — Ushuaia é, sem dúvida, um dos meus destinos preferidos na Argentina. E olha que a Argentina está no meu top 3 de países favoritos no mundo!
Neste post, compartilho tudo o que você precisa saber para aproveitar ao máximo Ushuaia, especialmente no outono ou na primavera. E já que não quero que ninguém passe perrengue no fim do mundo, aqui tem também nosso roteiro de 4 dias por lá, com todas as dicas do que fazer em Ushuaia.
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Confira todos os nossos posts sobre viagens na América Central e do Sul:
- O que fazer em 3 dias em Bogotá
- O que fazer em Cartagena – Colômbia
- Como visitar o Parque Nacional Tayrona – as mais lindas praias da Colômbia continental
- O melhor da Colômbia – Roteiro de 12 dias
- Guatemala – Roteiro de 10 dias
- Norte da Argentina: roteiro completo de dez dias para uma viagem de carro inesquecível
- El Calafate e Glaciar Perito Moreno – o melhor da Patagônia Argentina
- O melhor de Ushuaia – roteiro de 4 dias para primavera e outono
- Expedição fotográfica em Torres del Paine, na Patagonia Chilena
- Uma semana em Belize – Roteiro completo
- O que fazer em Belize – o melhor de San Ignacio, Caye Ambergris e Caye Caulker
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Neste post, você vai encontrar:
ToggleQuando ir a Ushuaia
Ushuaia é um destino que pode ser visitado em qualquer época do ano, mas a cada estação você terá uma experiência diferente.
Ushuaia no verão
No verão, Ushuaia é o paraíso para quem curte trilhas e passeios na natureza. Com temperaturas agradavelmente amenas (mas raramente acima de 15ºC) e dias longos, o verão é a alta temporada da cidade, com todas as vantagens e desvantagens associadas.
Ushuaia no inverno
No inverno, Ushuaia é a festa dos amantes da neve e esportes de inverno. A estação de esqui Cerro Castor é uma das primeiras a abrir no hemisfério sul e uma das últimas a fechar. Durante a temporada de inverno, a cidade recebe muitos turistas e atletas do hemisfério norte, que migram em busca da neve nesta parte do globo. A cidade pode não ficar tão cheia quanto no verão, mas o inverno também é considerado alta-temporada.
Se você pretende fazer uma primeira viagem para neve, Ushuaia é um destino perfeito pois não se resume apenas à estação de esqui: há diversas atrações na cidade e em seu entorno que podem ser visitadas e enriquecer e diversificar suas férias na neve. Até porque, convenhamos, numa primeira experiência esquiando, não é fácil aguentar mais que 3 ou 4 dias seguindos nas pistas (falo por mim).
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Ushuaia na primavera e no outono
Já estive em Ushuaia duas vezes, uma na primavera e outra no outono, e essas são, na minha opinião, as melhores épocas para visitar a cidade.
Seja no outono, seja na primavera, dá para aproveitar o melhor dos dois mundo em Ushuaia: é uma ótima época para fazer as trilhas e apreciar as incríveis paisagens patagônicas, e há bastante neve nas montanhas para saciar toda vontade de brincar na neve – afinal nós, como bons brasileiros que somos, não desperdiçamos nenhuma oportunidade de nos esbaldar na neve.
O clima é ameno, as cores da paisagem são deslumbrantes, há menos turistas (bem menos!) e a cidade tem um charme especial. Visitar Ushuaia no outono ou na primavera te permite aproveitar a cidade num ritmo mais tranquilo, sem os perrengues trazidos pelo excesso de turistas. Apesar de ter neve nas montanhas, a chance de ter neve nas ruas da cidade é pequena – o que eu acho ótimo, pois ninguém merece escorregar e cair a cada esquina.
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Como chegar a Ushuaia
Como chegar a Ushuaia de avião
Não há voos diretos entre o Brasil e o Aeroporto Internacional de Ushuaia – Malvinas Argentinas (USH). Mas fique atento quando for viajar, pois as cias áreas já anunciaram por algumas vezes voos diretos de São Paulo à Ushuaia – gosto sempre de consultar o site flightsfrom.com para conferir se realmente não há algum voo direto entre as cidades.
Para ir à Ushuaia, será necessário fazer uma escala em território argentino, usualmente o mais fácil é em Buenos Aires, no aeroporto de Ezeiza (EZE) ou Aeroparque (AEP). Ao comprar a passagem, certifique-se que não há necessidade de troca de aeroportos em Buenos Aires. Se você tiver que trocar de aeroporto, prepare-se para o leve perrengue: é uma boa distância entre ambos, as cias áereas não fornecem o transporte, e não é possível despachar a mala ao destino final (você terá que levá-la de um aeroporto a outro e redespachá-la).
Ushuaia também recebe voos de outras cidades argentinas como El Calafate (ótimo caso você queira fazer um giro pela Patagônia Argentina), Trelew e Córdoba.
Como chegar a Ushuaia de carro ou moto
Para quem curte uma aventura sobre rodas, Ushuaia é a “meca”.
Por ser a cidade mais ao sul do continente (e do mundo), Ushuaia é o ponto de partida, ou de chegada, de muitos aventureiros, dispostos a explorar o continente em 4 ou 2 rodas. A Bahia Lapataia marca o início da estrada que leva, após mais de 18mil quilômetros, ao Alasca – já estive nos dois extremos das Américas (aproveite e confira o post sobre o Alasca), mas quem sabe algum dia não aceitamos o desafio e ligamos os pontos por terra?
Mesmo que este não seja seu caso, Ushuaia é um ótimo ponto para alugar um carro e partir por uma roadtrip pela Patagônia – são cerca de 900 km de Ushuaia a El Calafate, e um pouco menos que isso ao Parque Nacional Torres del Paine no Chile.
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Onde se hospedar em Ushuaia
Ushuaia tem hospedagens para todos os gostos e orçamentos. Minha recomendação é ficar na região central, próximo à Rua San Martín, onde estão concentrados os restaurantes, lojas e cafés, além de estar a uma curta caminhada do píer turístico e do calçadão ao longo do Canal de Beagle.
Em nossa primeira vez em Ushuaia, ficamos no Hotel Tierra del Fuego, um dos mais tradicionais da cidade, muito bem localizado e confortável. Outra ótima escolha na mesma região é o Hotel Albatros, com um estilo semelhante e localização igualmente boa.
Mais recentemente, viajando com as crianças, escolhemos o Antártida Park Ushuaia, um apartamento de dois quartos na Avenida Maipú, bem em frente ao Canal de Beagle. A vista espetacular foi um dos grandes destaques e só por isso já valeria a estada. Outras opções de apartamentos que eu havia considerado para essa viagem foram o Austral 503 e o Aunaisin – Toluken apartamentos, mas admito que o Antártida Park me ganhou pela vista do Canal.
Se você busca hospedagens top de linha, com todo conforto que tem direito, o Las Hayas Ushuaia Resort, nas encostas do Cerro Martial, é um dos melhores da cidade. Outro destaque na mesma área é o Los Acebos Ushuaia Hotel. Mas, se eu pudesse escolher o “hotel dos sonhos”, ficaria no Arakur Ushuaia Resort & Spa, que parece ser a definição de perfeição em forma de hotel no fim do mundo.
Opções mais econômicas são a Posada Del Fin Del Mundo e o El Refugio Lodge Hostel, ambos bem avaliados nas plataformas de reserva.
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O que levar na mala para o outono ou primavera em Ushuaia
Essa era uma das minhas principais dúvidas, já que nos últimos anos tenho viajado só com mala de mão. Que iriamos pegar frio eu sabia, mas quanto frio?
Nesta última vez que estivemos em Ushuaia, em meados do outono (fim de abril, início de maio), pegamos temperaturas de -7ºC a 7ºC. Na cidade, o usual era ao redor de 2ºC de manhã cedo, chegando a até 7ºC no início da tarde. Nas montanhas, vimos a temperatura chegar a -3ºC, e no passeio de barco pelo Canal de Beagle, a -7ºC (mas, com o vento, a sensação térmica era ainda menor).
Levamos para essa viagem os mesmos itens que levamos para nossa viagem de 3 semanas no inverno no Leste Europeu, só reduzimos as quantidades. Confira:
Check-list – o que levar na mala para destinos frios
- 1 calça térmica, específica para trekking (a minha é da Decathlon)
- 1 legging térmica (pode ser usada isoladamente ou por baixo da calça térmica; a minha é UNQL)
- 5 camisetas dry-fit manga longa (compro na Decathlon, Centauro, Track&Field ou lojas equivalentes)
- 1 fleece (o meu é Columbia, mas os da Decathlon também são ótimos)
- 1 casaco de inverno grosso (o meu é Columbia)
- 1 capa de chuva (pois meu casaco não é impermeável; se o seu for, não há necessidade)
- 1 pijama
- 5 meias comuns
- 2 meias grossas de lã (para usar por cima das meias comuns, comprei na Decathlon)
- peças íntimas para 5 dias
- 1 tenis de trekking impermeável (Decathlon, Columbia, Merrel, Timberland ou equivalentes)
- 1 chinelo
- gorro, cachecol, luvas de lã e luvas impermeáveis
Na realidade, isso é o que levo para qualquer viagem de inverno. As peças mais volumosas vão no corpo (exceto a calça térmica); o resto vai tudo na mala de mão. Para uma viagem mais longa, basta acrescentar 1 legging, camisetas, meias e peças íntimas e, se quiser variar um pouco, um gorro e um cachecol extra.
Confira mais dicas no post sobre como viajar só com mala de mão.
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Como se locomover em Ushuaia
Nas duas vezes que estivemos em Ushuaia, alugamos um carro, retirado e devolvido no aeroporto. Para os passeios que fizemos no outono e na primavera, um 4×4 não foi necessário; escolhemos o modelo mais econômico disponível, e foi suficiente.
É muito fácil transitar de carro pela região, e o acesso às principais atrações é tranquilo. No dia em que visitamos o Parque Nacional da Terra do Fogo, enfrentamos um trecho de estrada coberto de neve. Apesar de ser nossa primeira vez dirigindo nessas condições, tudo correu bem — mais um ✅ para o currículo de viajantes!
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Ao alugar um carro, pergunte sobre a necessidade de pneus de neve (em ambas as viagens nossos veículos já vieram equipados) e certifique-se de entender como usar correntes, caso seja necessário – em nenhum momento necessitamos, mas é bom saber como fazer.
Se você estiver hospedado fora do centro da cidade, o carro será útil para deslocamentos. Caso contrário, você provavelmente só precisará dele para os passeios.
Embora alugar um carro dê flexibilidade — e, no nosso caso, tenha saído mais econômico —, ele não é indispensável. Dá para fazer todos os passeios com tours organizados e usar táxi ou Uber para trajetos curtos. Do aeroporto à cidade é possível agendar transfer com antecedência.
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Roteiro de 4 dias em Ushuaia
Chegamos em Ushuaia no início da tarde, loucos de fome e, como não poderia deixar de ser, a primeira parada foi para um bom ojo de bife no restaurante Casimiro Biguá.
Depois do check-in no nosso apartamento, fomos aproveitar o friozinho gostoso para passear pela cidade, tomar um café e fazer a clássica foto na placa de Ushuaia Fin del Mundo. Essa placa fica no pier turístico, onde estão os quiosques das operadoras dos passeios de barco pelo Canal de Beagle.
Como esse primeiro dia não teve nenhuma grande atividade (a não ser a comida!), vou considerar que nosso roteiro de 4 dias em Ushuaia começou só no dia seguinte, ok?
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Dia 1: Passeio 4×4 Lagos e Museu do Presídio
Passeio 4×4 Lagos Escondido e Fagnano
No primeiro dia inteiro que tivemos em Ushuaia fizemos o passeio de 4×4 para os Lagos Escondido e Fagnano. Este foi o único passeio que reservei com antecedência, com a agência Antartur (mas deixei o pagamento para fazer lá na hora), mas há outras agências que fazem esse tour e é possível reservar online. O tour era em grupo, imagino que o limite seja 8 ou 10 pessoas, mas naquele dia havíamos só nos 4 e um casal de argentinos.
O guia nos buscou em nosso apartamento no início da manhã e seguimos pela Rota 3 até a primeira parada para um café no Centro Invernal Tierra Mayor. Ali já estava tudo debaixo de neve! Tudo branquinho, a felicidade das crianças.
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Seguimos o caminho até o Paso Garibaldi, o ponto mais alto da estrada, que marca a passagem do sul para o norte da Cordilheira dos Andes na Terra do Fogo. Ao contrário do restante do continente, em que a Cordilheira segue o sentido norte-sul, na Terra do Fogo ela segue o sentido leste-oeste. O Paso Garibaldi fica a 450m de altitude e, conforme nosso guia nos explicou, nessa região (e nessa época do ano), a cada 100 metros de ganho de altitude, a temperatura diminui 1ºC. Portanto, prepare-se para o frio e o vento: aí foi onde pegamos o maior frio do dia!
No Paso Garibaldi há um mirante de onde avistamos nossos dois destinos principais do passeio: os lagos Escondido e Fagnano.
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Após uma breve parada para apreciar a vista, iniciamos a descida e logo depois saímos da estrada principal, nos embrenhando por caminhos de terra até chegarmos ao Lago Escondido. O carro foi até onde era possível, seguimos a pé por uns 200 metros até as margens do lago.
Depois de um tempo a beira do lago, voltamos para o carro e aí que começou a parte 4×4 prá valer. As estradinhas foram ficando cada vez mais irreconhecíveis, era um misto de terra, lama e mini-lagos, uma sacolejação sem fim – nem preciso dizer que as crianças amaram, se sentiram as verdadeiras aventureiras das florestas glaciares.
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Chegamos enfim ao Lago Fagnano, o maior lago da Terra do Fogo e uma das paisagens mais lindas que vimos nessa viagem. O carro seguiu um trecho pela margem do lago (em alguns pontos andando mais na água que na terra), até chegarmos a um ponto de parada para pic-nic.
A volta foi por um trajeto mais rápido e menos acidentado. Chegamos na estrada principal, cruzamos novamente o Paso Garibaldi e paramos no Husky Park e Refúgio Nunatak, outro centro invernal (bem próximo ao Tierra Mayor).
Nem preciso dizer que as crianças simplesmente piraram no Husky Park! São dezenas de cachorros, a maioria huskies siberianos (mas há outras raças), um mais fofo que o outro. Os tratadores explicam sobre os cães, seu treinamento, as funções que cada um desempenha ao puxar os trenós, fazem uma demonstração, alguns cães vem ganhar um carinho, enfim, tudo lindo demais de ver. No inverno, é possível fazer um passeio nos trenós puxados pelos cães.
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Se vocês achavam que não tinha como deixar as crianças mais felizes, estão enganados. Depois de tudo isso, começou a nevar! Foi a realização do sonho dessas minhas duas meninas, a primeira vez que elas presenciaram a neve nevando (desculpe o pleonasmo).
Depois de muito brincar na neve, almoçamos no Refúgio Nunatak – entrada, prato principal e sobremesa, tudo muito bem servido, e já era hora de voltar à Ushuaia.
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Museu Marítimo do Presídio de Ushuaia
Quando visitar Ushuaia, não deixe de visitar o Museu Marítimo e do Presídio de Ushuaia.
Quando estivemos lá, ficava aberto até as 20hs, então dá para encaixar facilmente depois de um dia de passeios. Reserve pelo menos 2 horas para visitá-lo, mas se não der tempo e quiser voltar outro dia, é só carimbar o ingresso na recepção; salvo engano você terá mais 2 dias para visitar sem precisar pagar nova entrada. Confira as informações atualizadas no site oficial.
Há visitas guiadas em espanhol, inclusas no ingresso, e recomendo muito fazê-la – me lembro de ter feito nas duas vezes que visitei o museu, as histórias que os guias contam são a parte mais interessante da visita.
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Como o nome sugere, o museu fica no antigo presídio que operou em Ushuaia entre 1904 e 1947. Ao caminhar pelos corredores do prédio, é possível visitar celas restauradas que mostram como era a vida dos detentos que eram enviados para o “fim do mundo”, e como a cidade surgiu e se desenvolveu ao redor do presídio.
As celas eram distribuídas em cinco alas, como tentáculos ao redor de um pátio central. Uma dessas alas está exatamente da forma como deixada ao ser desativado o presído em 1947. Interessantíssima.
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Outra atração imperdível do Museu do Presídio é a réplica, em tamanho real, do verdadeiro Farol do Fim do Mundo. Construído em 1884 na inóspita Ilha dos Estados, o Farol de San Juan de Salvamento recebeu esse nome devido ao livro de Julio Verne, mas acabou não operando por muito tempo, tamanha a dificuldade da empreitada.
Além disso, o museu abriga outras seções, como a dedicada à história marítima da Argentina e uma exposição sobre as expedições à Antártica, além de exposições de arte.
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Dia 2: Parque Nacional Terra do Fogo e Trem do Fim do Mundo
Parque Nacional da Terra do Fogo
Nosso segundo dia de atividades foi dedicado ao Parque Nacional da Tierra del Fuego, um dos passeios imperdíveis de qualquer visita a Ushuaia.
Afinal, e ali no parque, na Bahia Lapataia, que acaba a rodovia pan-americana, no trecho argentino chamada de Ruta nº 3. Dá para vir de carro de Prudhoe Bay, as margens do Oceano Ártico no Alasca, até aqui (exceto um pequeno trecho entre Panamá e Colômbia). Daqui para frente, só de barco. Cerca de 1.000km separam Ushuaia do continente Antartico.
O ingresos no parque custa ARS $ 40.000 para estrangeiros. É possível visitar o parque por conta própria, como fizemos, ou com tours que podem, ou não, incluir também o passeio do trem do fim do mundo.
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O Parque Nacional da Terra do Fogo é bem extenso, chegando até a fronteira com o Chile. Há diversas trilhas e pontos interessantes para conhecer.
Um dos pontos mais emblemáticos é o Correio do Fim do Mundo, na Enseada Zaratiegui. Dizem que é uma agência de correios que efetivamente funciona, mas fomo lá numa segunda-feira de manhã e estava fechada. Como criança dos anos 80, que esperava ansiosamente a chegada do carteiro, enviar um postal da agência dos correios do fim do mundo teria sido muito legal.
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Outra parada imperdível é na Bahia Lapataia, até porque dali não há como seguir em frente. Há passarelas de madeira que levam até a margem da baía e algumas trilhas, inclusive uma que chega até a fronteira com o Chile (fiz essa na minha primeira vez em Ushuaia).
Ali perto há também as trilhas do Turbal, do Mirador Lapataia e da Laguna Negra. São trilhas muito fáceis, planas, bem curtas, que valem muito a pena. Fizemos também o início da trilha Paseo de La Isla, também fácil e com lindas vistas.
O Centro de Visitantes Alakush fica na região. Há um restaurante simples e caro para o que oferece, mas se você não tiver levado um lanche, é o melhor lugar para uma refeição.
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Trem do Fim do Mundo
Fizemos também o passeio no Trem do Fim do Mundo. É um passeio gostoso, bem tranquilo, ótimo se você estiver com crianças pequenas, ou com idosos com dificuldade de locomoção. Mas, sendo bem franca, achei caro demais e não ofereceu nada muito diferente do que tinhamos visto no restante do parque. Ao longo do passeio, há um áudio que conta a história da ferrovia, que foi o que achei mais interessante do passeio (apesar de termos ouvido parte da história no Museo do Presidio).
A Ferrovia do Fim do Mundo foi constrída pelos presos, para levar material para a construção do próprio presídio e da cidade, principalmente pedra, areia e lenha, inclusive a lenha usada para aquecimento das casas dos moradores. Na época, a ferrovia conectava a região do parque à cidade, porém atualmente resta apenas o trecho próximo ao Parque Nacional.
O passeio custa ARS$ 62.000 (na epoca que fomos era o equivalente a US$60), achei bem caro. Não faria novamente.
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A estação inicial do trem – Estación Fin del Mundo – fica fora do parque e a estação final – Estación Parque Nacional – é dentro do parque. É necessário ter o ticket de ingresso no parque para fazer o passeio.
Na volta à cidade, jantamos no Almacen Ramos Generales, um dos restaurantes mais antigos de Ushuaia. Vale a pena conhecer, nem que seja só para comer uma empanada, ou tomar um chopp na caneca de pinguim. Meu jantar lá foi a merluza negra, um dos pratos típicos de Ushuaia. Se pudesse, repetiria umas cinco vezes o prato.
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Dia 3: Navegação pelo Canal Beagle e Glaciar Martial
Passeio de barco no Canal de Beagle
Era meu aniversário e comemorei em grande estilo: no passeio de barco pelo Canal de Beagle.
É um dos passeios clássicos e imperdíveis de Ushuaia.
O Canal de Beagle separa a parte “principal” da ilha da Terra do Fogo de outras ilhas menores que fazem parte do arquipélago. Foi por ali que Charles Darwin, a bordo do HMS Beagle, comandado por Fitz Roy, passou em 1833, numa viagem que mudou a história da ciência.
Fizemos o tour com a Canoero Catamaranes, mas há diversas outras empresas que fazem o mesmo tour. Compramos no dia anterior, no pier turístico, em frente ao porto (e ao nosso apartamento). Salvo engano, foi US$ 40 por adulto.
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O passeio dura cerca de 3 horas e percorre o Canal de Beagle até o Farol Les Eclaireurs, voltando ao ponto de partida.
Antes de chegar ao Farol, há duas paradas.
A primeira é na ilha dos lobos marinhos e dos pássaros. São uns rochedos em que há uma quantidade absurda de lobos marinhos e pássaros, principalmente cormorões (parecem pinguins, mas são mais próximos aos pelicanos). O barco para bem próximo a ilha e ficamos lá, só observando os animais (não é possível descer na ilha). Quando fomos, havia muitos filhotes de lobos marinhos, que nadavam desajeitadamente 0e faziam mil gracinhas, um mais fofo que o outro.
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Navegando um pouco mais, paramos na Ilha Bridges, onde é possível descer para uma pequena trilha até um mirante. Essa ilha era habitada pelos povos originários da região, os Yagans ou Yamadas. Há algumas placas orientativas na trilha, vale a leitura.
Depois de uns 20 minutos na Ilha Bridges, partimos para o próximo destino do dia: o Faro Les Eclaireurs, também conhecido como o Farol do Fim do Mundo. Aproveitei e já me posicionei na proa, pronta para tirar aquela foto bonita do Farol, enquanto marido e crianças estavam na parte de dentro do barco, fujindo do vento e da sensação térmica de – 7ºC.
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Eis que, do nada, em pleno meio do Canal de Beagle, o barco parou e desligou os motores. Eu só pensei “que m… que tá rolando”, quando, do mais absoluto nada, 3 baleias jubarte aparecem ali, bem na frente do barco.
As três baleias jubarte ficaram uns dez minutos ali, dando um show para nós, nenhum outro barco a vista. Mas a temporada de avistamento de baleias em Ushuaia é de junho a outubro, esse avistamento em abril foi completamente fora do previsto – um verdadeiro presente para o meu aniversário.
A essa altura, o Farol do Fim do Mundo era só um detalhe nesse passeio – até porque não era a minha primeira vez lá. Mas para as minhas filhas era a primeira vez. Podemos revisitar um mesmo local, mas nunca será igual.
No verão, o passeio pelo Canal de Beagle para em uma ilha onde os pinguins se aglomeram. A temporada de pinguins vai de novembro a março.
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Cerro Martial
De volta à cidade, almoçamos rapidinho e fomos de carro até o Cerro Martial (também chamado Parque del Fin del Mundo – falei para você que lá tudo é a … do fim do mundo?).
O Cerro Martial é um glaciar, em uma área protegida, que no inverno funciona como um centro invernal, com esqui alpino e snowboard, sendo possível também fazer o trekking até a geleira.
Fomos em abril e, como a temporada de inverno ainda não havia começado, o local estava aberto, sem cobrança de ingresso, mas também sem nenhuma infra em funcionamento. Estacionamos o carro na frente e fomos entrando, subindo a montanha que, aquela altura do ano, já estava muito bem coberta de neve.
Seguimos até um ponto (não sei se faltava muito para o final) em que começou a nevar. Nevar de verdade, muita neve mesmo. As crianças piraram! Pararam por ali mesmo e começaram a se deliciar com a neve que caia em quantidades que elas nunca antes haviam visto. Quando as as luvas e calças molharam e o frio começou a dominar a espinha era a hora de voltar, não sem protestos.
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Dia 4: Laguna Esmeralda e despedida do fim do mundo
Nosso último dia em Ushuaia seria dedicado a fazer um dos passeios que mais queria: o trekking à Lagoa Esmeralda. Não havia feito esse passeio na primeira vez que estive na cidade e, sinto admitir, também não o fiz nesta segunda vez.
O voo de volta a Buenos Aires & São Paulo estava inicialmente marcado para as 5 da tarde, porém a Aerolíneas Argentinas o alterou para as 2 da tarde. Se fóssemos só os adultos, encararia acordar antes do amanhecer para fazer a trilha, mas com crianças, não dá para arriscar esse tipo de atividade com horário apertado. Achamos mais prudente deixar para a próxima vez em Ushuaia – pois sim, tenho certeza que ainda voltarei ao fim do mundo.
Nossso último dia foi curtir a cidade: tomamos um café da manhã delicioso no Cafe El Recreo, passeamos pela Av. San Martin, fomos aos letreiros da cidade, tiramos mais algumas dezenas de fotos no Canal de Beagle, tomamos sorvetes e cafés, enfim, uma manhã tranquila de férias na cidade do fim do mundo.
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Outros passeios para fazer em Ushuaia
Numa próxima visita à Ushuaia, alguns dos passeios que pretendo realizar:
- trekking à Laguna Esmeralda – o início da trilha fica a cerca de 18km de Ushuaia. A trilha até a lagoa é bem sinalizada e de dificuldade moderada. São 9km no total (ida e volta), dizem que leva de 5 a 6 horas.
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- visita à Estância Harberton – fundada em 1886, foi o primeiro empreendimento produtivo na Terra do Fogo. Atualmente oferece um tour que combina história, ciência, natureza e gastronomia, e dispõe também de hospedagem.
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- trekking ao Glaciar Vinciguerra – um dos glaciares mais incríveis de Ushuaia. A trilha é de dificuldade média, pode ser feita sem guia, mas se quiser caminhar pelo glaciar, é recomendável pegar um passeio guiado. São 10km, recomenda-se reservar 9 horas para a trilha.
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Mapa do nosso roteiro em Ushuaia
Nosso roteiro de 4 dias em Ushuaia no outono está em detalhes no mapa abaixo, é só clicar e salvar na sua conta do Google. Quando você for por planejar sua próxima viagem à Ushuaia, já sabe por onde começar 😉
Nesse post explico como usar o Google MyMaps para planejar uma viagem, é um recurso muito bom, vale a pena conhecer!
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Como usar esse mapa: Clique na aba localizada no canto superior esquerdo do mapa para acessar várias camadas, incluindo pontos de interesse e rotas. Você pode escolher quais camadas visualizar selecionando-as no check-box correspondente. Para obter detalhes adicionais sobre pontos de interesse específicos, clique nos ícones correspondentes no mapa.
É fácil salvar este mapa em sua conta do Google Maps, basta clicar no ícone de estrela próximo ao título do mapa. Para acessá-lo no seu celular ou computador, abra o Google Maps, toque no botão de menu, vá para “Meus Lugares”, selecione “Mapas” e você encontrará este mapa listado entre os seus mapas salvos.
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Confira todos os nossos posts sobre viagens na América Central e do Sul:
- O que fazer em 3 dias em Bogotá
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