Roteiro de 2 dias em Hiroshima, com bate-e-volta a Miyajima

Hiroshima é um daqueles lugares que não pode faltar em nenhuma viagem ao Japão.

Ao planejar a viagem, eu tinha um pouco de receio de Hiroshima ser uma cidade baixo-astral, uma visita pesada e até mesmo inapropriada para conhecer com crianças. Ah, como eu estava enganada!

Hiroshima é uma cidade vibrante, moderna, que oferece tudo que o Japão tem de melhor: povo atencioso, comida deliciosa, templos lindíssimos, tradições seculares, tecnologia, belas paisagens e, além de tudo isso, a chance de conhecer um capítulo da história da humanidade sobre o qual todos devemos refletir. Hiroshima nos ensina determinação, humildade e coragem. É a prova de que é possível renascer, se reconstruir e criar um novo capítulo em sua história.

Dentro de nosso roteiro de 4 semanas pelo Japão, depois de mais de uma semana aproveitando tudo que Tóquio tinha a nos oferecer, de termos cruzado os Alpes Japoneses e caminhado pela Rota Nakasendo, chegamos à Hiroshima, antes de seguir viagem para Quioto e Osaka.

Então venha comigo conferir o que fizemos no nosso roteiro de dois dias em Hiroshima – Miyajima, e ao final, se tiver dúvidas, me chama lá no Instagram @danae_explore que eu amo conversar sobre viagens!



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Domo da Paz (construção em tijolos em ruínas, tal qual ficou após o lançamento da bomba atômica), em Hiroshima, em dia de sol com nuvens

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Como chegar em Hiroshima

A cidade de Hiroshima fica no sul do Japão, e a melhor forma de chegar lá (como em qualquer outro lugar no Japão) é de trem, a bordo do Shinkansen, o incomparável trem-bala japonês.

Nós estávamos em Takayama e pegamos um trem regional – Hida Express – até Nagoya, e de lá o Shinkansen até Hiroshima. O trajeto todo levou cinco horas.

Na estação central de Hiroshima, pegamos um ônibus nº 50 que nos deixou quase em frente ao nosso hotel, o FAV Hiroshima Heiwa Odori. Recomendo você consultar o Google Maps para saber qual a melhor forma de ir de um ponto a outro no Japão, principalmente quando se trata de locomoção dentro das cidades: usamos o Google Maps todos os dias de nossa viagem e foi perfeito, não tivemos nenhum problema. É só seguir o que o aplicativo indica, pode confiar.

O Shinkansen, pela Sanyo Line, liga Hiroshima às principais cidades japonesas, especialmente Osaka, Kyoto e Tokyo – para chegar em Tóquio, o trem-bala leva cerca de 4h45 minutos para percorrer os mais de 800 km que separam as cidades.

Há também um aeroporto em Hiroshima (código HIJ), com voos para diversas cidades japonesas e alguns destinos no exterior, como Seoul, Taipei, Shanghai, Hong Kong e Hanoi.

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Onde se hospedar em Hiroshima

Em Hiroshima ficamos no hotel que foi eleito o mais legal de toda nossa viagem de 4 semanas pelo Japão. As crianças, especialmente, amaram!

O FAV Hiroshima Heiwa Odori tem os maiores quartos que pegamos na viagem, com duas camas de casal queen size e, em cima delas, como se fosse um beliche, uma cama de solteiro. Além disso, tem uma área de estar de tamanho considerável, uma cozinha compacta, banheiro e uma máquina de lavar roupa. Sim, uma máquina de lavar roupa dentro do quarto, o sonho dessa viajante que foi para o Japão só com mala de mão.

A localização do FAV Hiroshima Heiwa Odori era ótima: a noite, íamos a pé até a região do Hondori, onde há um bom agito e diversas opções para jantar. Dali, é possível ir caminhando até o Memorial da Paz, mas, com o calor saariano que fazia naquele julho no Japão, optamos por ir no conforto do ônibus com ar-condicionado.

Outras opções que eu havia selecionado para Hiroshima foram o The Knot Hiroshima e o KIRO Hiroshima by the Share Hotels.

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Roteiro de 2 dias em Hiroshima e Miyajima

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Antes de mais nada, preciso dizer que ficamos 3 noites em Hiroshima: chegamos no fim da tarde, ainda em tempo de caminhar e conhecer um pouco da cidade. Fomos jantar na região de Hondori, uma rua comercial onde há diversas lojas e, nessa rua e nas ao seu redor, várias opções de bares e restaurantes. Já estávamos a quase vinte dias rodando pelo Japão e optamos por um sabor mais ocidental: fomos ao The Shack, um pub estilo irlandês, comemos um hamburger mediano, e as crianças pediram uma pizza que deixou muito a desejar. Enfim, não dá para acertar sempre.

Com dois dias inteiros em Hiroshima, o primeiro foi dedicado a conhecer a cidade, e o segundo para ir à Miyajima.

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Dia 1: Explorando Hiroshima

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1. Memorial da Paz de Hiroshima

Chegar ao Memorial da Paz de Hiroshima é uma experiência profunda e comovente, daquelas que ficam gravadas na memória.

Começamos a visita pelo Museu Memorial da Paz. É uma parada obrigatória na cidade, mesmo que seja desafiador emocionalmente. As exposições retratam o que ocorreu na cidade naquele dia 6 de agosto de 1945 e nos dias que o seguiram, com fotografias originais, roupas e objetos das vítimas, desenhos e pinturas feitos pelos sobreviventes e relatos. Há uma projeção de imagens sobre um modelo topográfico de Hiroshima, mostrando a destruição causada pela bomba atômica, e uma seção sobre as armas nucleares. “O museu apresenta uma visão dos erros que todos nós cometemos e vê somente um caminho para garantir um mundo mais seguro para todos – o banimento total das armas nucleares no mundo.” (JNTO)

É uma visita adequada para crianças? Não há limite etário mínimo para visitar o museu. Se você é assíduo aqui do blog, sabe que eu acho que lugar de criança é no mundo inteiro. Sou do partido de que crianças devem ser apresentadas ao mundo em que vivem, ao que nele acontece e aconteceu, pois isso é parte de seu processo de educação, crescimento e amadurecimento. Nossas filhas tinham 10 e 12 anos quando visitaram o museu. Explicamos para elas o que aconteceu, conversamos e refletimos, em linguagem e profundidade adequada à idade. Converse com seus filhos/as, explique o que irão encontrar no museu, porque isso aconteceu e como podemos agir para que eventos como esse nunca mais se repitam. Vocês poderão ficar impressionados com o resultado da visita.

Fomos ao Museu Memorial da Paz de ônibus e compramos o ingresso na hora.

Dali, seguimos caminhando pelo Parque Memorial da Paz em direção ao domo da paz, as ruínas do único prédio que não foi completamente destruído na explosão.

Passeando pelo Parque, você encontrará diversos monumentos, como a Fonte das Orações, o Cenotáfio das vítimas da bomba atômica, a Chama da Paz e o Sino da Paz. O Monumento das Crianças é particularmente simbólico – a história de Sadako Sasaki e suas mil garças de papel é emocionante.

Do outro lado do rio Motoyasu está o Domo da Bomba Atômica, com sua estrutura resistente, é o lembrete mais poderoso de como a cidade conseguiu se reerguer das cinzas.

Ali perto está a Orizuru Tower, um prédio com exposições, um café e bar no rooftop e uma vista panorâmica da cidade. Apesar de não muito alto, dizem que vale a pena a subida. A fome e o cansaço do grupo não nos permitiram conhecer o local.

Levamos cerca de três horas para visitar o Museu e o Parque.

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2. Castelo de Hiroshima

Depois de uma manhã intensa, uma mudança de ares é bem-vinda.

Almoçamos ali perto, no Sanukiya Kamiyachoten, mas há diversos outros nas ruas ao redor do Domo Memorial da Paz.

Dali seguimos a pé até o Castelo de Hiroshima, passando em frente ao Museu de Arte de Hiroshima.

O Castelo de Hiroshima, construído em 1591 pelo senhor feudal Terumoto Mori, foi completamente destruído pela bomba atômica em 1945. O que vemos hoje é uma reconstrução, finalizada em 1958, fiel em seu exterior, porém moderna em seu interior. Ali dentro, há um museu que conta a história dos samurais e da cidade antes da tragédia, com excelente acervo e organização. A vista do topo também é impressionante – um contraste entre a modernidade e a história que define Hiroshima.

Vale também a pena caminhar pelos jardins ao redor do castelo.

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3. Jardim Shukkei-en

Agora, vou ser bem honesta: não tivemos tempo, nem energia, para visitar o Shukkei-en Garden. Depois de visitar, no inacreditável calor do verão japonês, o Memorial da Paz e o Castelo de Hiroshima, preferimos ir ao hotel descansar um pouco antes de seguir com a programação noturna.

Mas, se você gosta de jardins tradicionais japoneses e está com energia, ou com o cronograma mais tranquilo, recomendo reservar um tempinho para passear por lá. Dizem que é um lugar lindo para relaxar e aproveitar a beleza das paisagens, com pequenos lagos, pontes e muita vegetação ao melhor estilo tradicional japonês.

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4. Hiroshima Hondori Shopping Street

Terminada a visita ao Castelo de Hiroshima, voltamos caminhando até nosso hotel e depois jantamos ali perto, num restaurante italiano chamado Lucio – e digo, estava uma delícia.

Depois seguimos, mais uma vez, para a região de Hondori, a área central onde há diversas lojas, restaurantes e bares. Mas, já tendo jantado, fomos para lá para uma das atividades que as crianças (e os adultos) mais curtiram no Japão: Karaokê! Não deixe de ir a um karaokê em sua visita ao Japão.

Os karaokês têm salas individuais, com isolamento acústico, e muitas opções de músicas. Desde os hits do momento (se você tem filhas pré-adolescentes, pode ficar tranquilo que tem todo o repertório da Taylor Swift, eu comprovei) até o clássico Evidências. Em nossa viagem, fomos 4 vezes ao karaokê, duas em Hiroshima e duas em Quioto, todas, coincidentemente, em unidades da rede Big Echo. O preço é por hora (ou meia hora), e é possível comprar comida e bebida. Não comemos, mas o chopp estava ótimo.

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5. Experimente o Okonomiyaki

As atrações imperdíveis de Hiroshima não se resumem a museus, parques e castelos.

Quando for a Hiroshima, não deixe de provar o famoso okonomiyaki. Nós o experimentamos em Miyajima e até hoje sonho com aquele prato. Já o procurei em São Paulo, mas não há igual: o okonomiyaki de Hiroshima é imbatível.

Esse prato é uma espécie de panqueca japonesa, mas muito mais do que isso. A versão de Hiroshima tem um jeito especial de ser preparada, com camadas de repolho, macarrão e uma mistura deliciosa de sabores que explode na boca. Há vários restaurantes especializados em okonomiyaki na área, então você não vai ter problema em encontrar um lugar para se deliciar.

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Dia 2: Explorando Miyajima

Depois de um dia cheio em Hiroshima, nosso segundo dia foi reservado para uma das ilhas mais icônicas do Japão: Miyajima.

Com o JR Pass, é super fácil chegar lá. Da Estação Central de Hiroshima, pegue um trem local até a Estação Miyajimaguchi e siga as indicações (ou o fluxo de pessoas) até a estação de ferry da JR – JR Miyajima Ferry Station. Lá é fácil identificar o ferry em direção à ilha, que está incluso no passe da JR. Chegando na ilha, é só seguir o fluxo de pessoas (ou o Google Maps) até o Santuário de Itsukushima, a principal atração do local. Levamos cerca de 1 hora para todo esse trajeto, do nosso hotel até a entrada do santuário.

Aproveite o ferry para apreciar a vista. Conforme o barco vai se aproximando de Miyajima, já é possível ver a Torii flutuante – quando fomos, era maré alta e a torii estava cercada por muita água. É o cartão de boas vindas da ilha, e uma das visões mais icônicas de todo Japão.

Chegando na ilha, fomos recebidos por diversos veadinhos, que vivem ali e convivem tranquilamente com os milhares de turistas que visitam a ilha diariamente.

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1. Santuário Itsukushima

A principal atração de Miyajima é o Santuário xintoísta Itsukushima, e muitos visitantes que vem a ilha se resumem a esse local.

O enorme Torii Flutuante é a estrela do show, e dependendo da maré, ele parece estar flutuando na água ou acessível a pé na maré baixa. Pegamos a maré alta pela manhã, então a visão do Torii cercado pelas águas do mar foi especial. É daqueles lugares que parecem ter saído diretamente de um cartão postal.

A história do santuário remonta ao sec. VI, mas sua existência só foi confirmada no ano 811 d.C. É construído sobre passarelas sobre a água, e dedicado aos deuses que protegem as pessoas de guerras e desastres marítimos. Os prédios originais foram destruídos pelo fogo, depois reconstruídos e consumidos novamente pelo fogo; as estruturas atuais datam do ano 1241. Ou seja, é impressionante. Já a grande Torii flutante, por estar na água, sofreu mais danos e reconstruções ao longo do tempo, a última reconstrução ocorreu em 1875. É fácil entender por que esse lugar é Patrimônio Mundial da UNESCO.

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2. Subida ao Monte Misen

Depois de explorar o santuário, nossa ideia original era subir o Monte Misen, mas a combinação calor, cansaço e almoço delicioso muito bem servido nos fez desistir da ideia.

A forma mais fácil de subir é de teleférico, mas é possível ir caminhando. Do Santuário de Itsukushima até o teleférico são cerca de 15 minutos a pé; já para a subida completa a pé, estime pouco mais de uma hora.

No topo, a recompensa é uma vista panorâmica de Miyajima e do Mar de Seto, que vai tirar o seu fôlego, além de pequenos templos e áreas espirituais.

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3. Daisho-in Temple

Visitamos o Templo Daisho-in, que fica um pouco mais escondido e é menos lotado que o Santuário Itsukushima, mas igualmente fascinante. O Daisho-in tem uma vibe diferente, mais íntima e serena, com várias estátuas, lanternas e pequenos detalhes. São cerca de 15 minutos caminhando a partir da entrada do Santuário de Itsukushima.

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4. Rua Omotesando

Claro que nenhum dia em Miyajima estaria completo sem explorar a famosa Rua Omotesando, o coração comercial da ilha. Para ir da estação de ferry até o Santuário o melhor caminho é por essa rua. Lá tem de tudo, mas principalmente restaurantes e lojinhas de souvenirs. Atenção, pois há lojinhas lindas, com produtos realmente especiais, mas a maior parte me pareceu bem pega-turista.

Apesar de haver diversos restaurantes nessa rua, fomos almoçar bem longe dela. Fomos no Matochan, um restaurante especializado em okonomiyaki, que me deixa até hoje com água na boca só de pensar. Foi um dos melhores pratos que comi no Japão, e olhe que a comida no Japão é deliciosa. Se você for à Miyajima, não deixe de provar o okonomiyaki do Matochan.

Depois de passear mais um pouco pela região, comer um momiji manju (doce recheado com feijão em formato de folha de bordo-japonês) e muitos sorvetes para aguentar o calor, voltamos para Hiroshima pelo mesmo percurso: ferry e trem da JR.

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Depois desses dias em Hiroshima, seguimos viagem – novamente no trem bala – até Quioto, confira mais esse post!

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Roteiro detalhado de nossa viagem ao Japão

Aqui tem o roteiro detalhado de nossa viagem de quatro semanas pelo Japão, e ali embaixo o mapa do Google MyMaps com tudo já marcado, é só clicar no mapa e salvar na sua conta do Google. Quando você for por planejar sua próxima viagem ao Japão, já sabe por onde começar 😉

No mapa você pode ver detalhes de tudo o que fizemos, onde ficamos e os melhores lugares que fomos. Existem diferentes camadas, com cores diferentes, uma para cada área que visitamos.

Nesse post explico como eu uso o Google MyMaps para planejar minhas viagens, é um recurso muito bom, vale a pena conhecer!

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