Como visitar a Amazônia Brasileira no Parque Nacional Anavilhanas

Fazia muito tempo que eu sonhava em visitar a Amazônia brasileira. Essa vastidão de águas e florestas que tanto ouvimos falar – seja por suas riquezas naturais e belezas incomparáveis, seja pela constante ameaça que paira sobre ela, ficou por muito tempo apenas na minha imaginação. Confesso que sofria de uma certa síndrome do impostor: como assim eu, uma brasileira, que já viajei por quase 50 países, nunca coloquei os pés na Amazônia?

Pode parecer exagero, mas, morando em São Paulo, ir para a Amazônia é quase tão complicado quanto viajar para outro país da América do Sul. Sem falar que esses hotéis de selva são uma fortuna! Então, nem preciso dizer, né? Imagino que acontece o mesmo com você: deixamos de lado algumas das maravilhas do nosso próprio país para explorar terras mais exóticas.

Mas chega uma hora em que não dá mais para adiar. Decidi que aquelas férias seriam dedicadas à Amazônia, e preparei um roteiro incrível: Parque Nacional de Anavilhanas, no Amazonas, e Alter do Chão, no Pará. Foi uma experiência inesquecível!

Aqui conto tudo o que você precisa saber para visitar a Amazônia brasileira por conta própria, sem passar perrengue e sem gastar uma fortuna.

Vem comigo, visitar a Amazônia é mais fácil, barato e confortável do que você imagina!



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Começando a viagem por Manaus

Conhecer Manaus era um sonho de infância! Ver o encontro das águas e o Teatro Amazonas eram experiências no topo da minha wishlist. Infelizmente, ainda são.

Nossos planos eram passar 2 dias em Manaus e depois seguir para a imersão na floresta Amazônica, com alguns dias no Amazonas e outros no Pará. Mas, àquela altura, Manuas era o epicentro de uma onda daquele vírus que assolou o planeta em 2020-2021. Dois dias antes do embarque, foi aquela tensão: cancelar a viagem ou seguir em frente com os planos?

Não foi fácil decidir, mas avaliamos (ou tentamos avaliar) a situação com calma e fizemos uns ajustes: Manaus foi excluída do roteiro, e seguimos direto para o Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão, no Amazonas. Por sorte, o Airbnb que escolhemos tinha disponibilidade para os dias extras!

Partimos de São Paulo Congonhas rumo à Manaus, com escala em Brasília. Há voos diretos para Manaus partindo de Guarulhos, mas optamos por partir de Congonhas e fazer uma escala. Chegamos bem tarde da noite em Manaus, dormimos na cidade e no dia seguinte saímos cedo rumo à Novo Airão.

Para dicas de Manaus, aqui tem um roteiro bem legal do que fazer em Manaus, incluindo o encontro das águas, que até hoje não me conformo de não ter conseguido ver – fica para a próxima😉

Onde ficar em Manaus

Ficamos no Hotel Chez Les Rois Guesthouse, bem simples (simples mesmo) e adequado para o preço que cobra. Como foi só para dormir uma única noite, valeu a pena. Para mais dias, só ficaria novamente nele se não tivesse como pagar um melhorzinho.

Outras opções que à época pesquisei e que pareceram boas, na região central da cidade, foram o Hotel Villa Amazônia, com uma ótima piscina, e o Juma Ópera, um dos melhores da cidade, ao lado do Teatro Amazonas.

Como nas demais grandes cidades brasileiras, há diversos hotéis de grandes redes; os que me pareceram melhores e com preço razoável (e em cujas redes já tivemos boas experiências), são o Intercity Manaus e o Quality Hotel Manaus.

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Novo Airão – Parque Nacional de Anavilhanas

Novo Airão é uma pequena cidade, à margem direita do Rio Negro, que atualmente tem o turismo como uma de suas principais atividades. A cidade tem uma estrutura bem simples, preservando aquele charme característico das cidades do interior brasileiro.

Anavilhanas é o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, com mais de 400 ilhas. O Parque Nacional foi criado em 1981 e abrange uma área de floresta amazônica de mais de 3,5 mil km2.

Entre praias de areias brancas, rios, matas, sombra e água fresca, a Amazônia, para mim, é um dos lugares mais especiais do Brasil. Além de experiências incríveis, este turismo de imersão nos proporciona contato íntimo com a natureza e, ao mesmo tempo, nos ensina a respeitá-la.

A água do Rio Negro – como o nome sugere – é bem escura mesmo, mas é limpa e tem uma temperatura deliciosa. Como tem pH ácido, não favorece a proliferação dos mosquitos – acreditem ou não, não vimos nenhum mosquito nessa região.

Como chegar em Novo Airão – Parque Nacional de Anavilhanas

De Manaus à Novo Airão são cerca de 2h30 de carro, ou 9 horas em barco de madeira típico da região (viagem noturna, cada passageiro tem que levar sua rede para dormir). O espírito de aventura aqui é grande, mas o conforto falou mais alto e fomos de carro.

É também possível ir de lancha rápida (leva cerca de 3 hs), mas na época que estivemos lá o serviço regular não estava funcionando, teríamos que ter agendado um barco privativo para nos levar.

Outra opção é ir de hidroavião, a viagem leva cerca de 50 minutos e dizem que é lindo voar sobre a floresta (ou você pode fazer um voo panorâmico pela floresta, deve ser sensacional!)

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Onde ficar no Parque Nacional de Anavilhanas

Em Novo Airão há hospedagem para todos os estilos, gostos e bolsos.

Tem hotéis boutique de selva, daqueles que vemos nas propagandas e posts de celebridades e ficamos babando. Obviamente, quando cotei, os preços eram compatíveis com o nível de casa do tarzan com sofisticação de cinco estrelas imersiva na floresta. Resumindo, algo bem fora do nosso orçamento.

Mas, se quiser dar uma olhada, vai que você consegue uma super promoção, ou organiza as finanças para se dar o luxo de aproveitar uns dias nesses paraísos? Pois sim, ficar alguns dias hospedados nesses hotéis boutique de selva deve ser espetacular. Confira o Mirante do Gavião e o Anavilhanas Jungle Lodge e me diga se não são seu sonho de consumo!

No centro da cidade há algumas opções de hospedagem de perfil mais econômico. A Pousada Bela Vista fica às margens do Rio Negro, bem próxima ao centro, e o Local Hostel Novo Airão parece perfeito para o viajante mais econômico. O Amazonia Park Suites fica um pouco afastada do centro, mas parece ter a melhor estrutura dentre esses e um ótimo custo-benefício.

Ficamos num AirBnb sensacional (procure por “Casa Madadá” da Amazon Best). Por fora uma casa típica amazônica, por dentro um local lindo, decorado com excelente bom gosto, moderno, bem equipado, com todas as comodidades que você poderia esperar e um pouco mais, e uma equipe de apoio excelente e super atenciosa. E, claro, wi-fi ótima.

Um ponto a favor das hospedagens na cidade (incluindo nosso Airbnb) é que pega sinal de celular muito bem (na época, somente da operadora Claro, as demais por roaming), nos hotéis de selva só há wi-fi.

OBS: Quando pesquisei hospedagem para essa viagem, cotei outros hotéis de selva, em localidades ainda mais remotas, realmente no meio da selva, e nesses não havia sinal de celular e o wi-fi era via rádio, funcionando apenas algumas horas por dia em algumas áreas do hotel. Se acesso à internet for essencial para você, preste bem atenção, pesquise e converse com o hotel antes de reservar.

Aproveite e pesquise a hospedagem na Amazônia brasileira, basta preencher os campos no quadro abaixo

 

Quando visitar a Amazônia?

O Parque Nacional de Anavilhanas está aberto o ano todo.

Na época de seca (setembro a fevereiro) é possível desfrutar das belas praias de areias brancas que emergem por todo o arquipélago.

Já durante o período de cheia (março a agosto, com o pico em junho-julho), as praias desaparecem e o destaque fica por conta dos passeios de barco pelas florestas inundadas, os igapós – sabia que chamam essas áreas de “florestas encantadas”?

Fomos para a Amazônia em janeiro, final da época de seca, muitas praias já estavam submersas, mas ainda pudemos aproveitar algumas – a praia do Camaleão foi nossa preferida.

No fim da tarde, depois de voltar dos passeios de barco, íamos à praia da Orla em Novo Airão, acessível bem na frente do nosso Airbnb.

No primeiro momento bateu uma dúvida – será que essa água escura é limpa mesmo? Pensei: “oras, onde já se viu vir até aqui e não dar nenhum mísero mergulho no rio?”, criei coragem, mergulhei e a partir daí não parei mais. A água é deliciosa, acreditem!

No fundo, acho que demos sorte, pois aproveitamos o que há de bom em ambas as estações.

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Como é o clima na Amazônia em janeiro?

Na região amazônica, o clima na região é quente e úmido o ano todo, mas entre junho e novembro tende a ser um pouco menos chuvoso. Quando fomos, em janeiro, pegamos pancadas de chuvas todos os dias, mas aquela chuva rápida, que acaba tão rapidamente como começou e que em nenhum momento atrapalhou nossos passeios – e olha que pegamos chuva no barco, na praia, andando pela cidade, em casa, em todos os lugares 😉

Faz calor? Sim, muito. É úmido? Sim, muito. É pior que o Rio de Janeiro no verão? Não, longe disso 😂😂 Falando sério: prepare-se, faz calor, bastante calor, o sol é forte, mas tem uma brisa bem gostosa e as chuvas diárias contribuem para dar uma boa refrescada. Passo mais calor no Rio de Janeiro que passei por lá.

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É perrengue visitar a Amazônia?

Outra pergunta que sempre me fazem: é perrengue visitar a Amazônia brasileira?

Não é perrengue não!!! Muito longe disso, mesmo fazendo uma viagem “não-gourmetizada” como a nossa, perrengue foi a última coisa que passamos por lá!

Mas vale a ressalva: depende do que cada um considera perregue, e depende também de quanto você está disposto a gastar.

Se você for de hidroavião e se hospedar num dos hotéis boutique, garanto que mesmo que você seja a pessoa mais fresconilda da galáxia, será a viagem dos seus sonhos.

Agora, se você for um relés mortal como nós, o que posso dizer é: a viagem de carro de Manaus a Novo Airão é bem tranquila, na cidade tem hospedagem para todos os gostos, então dá para encontrar algo no nível de conforto que você quer, a comida é deliciosa, os passeios são super tranquilos e organizados, a cidade tem uma estrutura simples mas bem ok.

Ou seja, perrengue foi uma palavra que não passou em nossos pensamentos em nenhum momento durante a viagem.

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Onde comer em Novo Airão

Infelizmente, na época em que fomos à Amazônia brasileira os bares e restaurantes da Novo Airão estavam funcionando só para retirada, o que não nos impediu de descobrir as delícias da comida típica do Amazonas.

Como estávamos numa casa super confortável e agradável, optamos pelo delivery dos restaurantes locais.

Pedimos praticamente todas as refeições no Restaurante Sabor do Sul, comida regional deliciosa! Provamos os principais pratos do cardápio: pirarucu, tambaqui, tucunaré, galinha caipira, etc etc. Vale muito a pena experimentar.

Outra opção que nos indicaram foi o Restaurante Flor do Luar, que tem um flutuante sobre o Rio Negro, mas que infelizmente estava fechado na época por causa da pandemia. Pelas fotos, parece ser muito legal e linda a vista.

Pedimos também um lanche no Saloon Ajuricaba, mas normalmente o que havíamos pedido para o almoço era suficiente para o jantar também 😊

Na cidade tem uma microcervejaria, Sarapó Cervejas Amazônicas e, claro, aproveitamos para experimentar a cerveja local (eles tinham delivery)! Está aí algo que adoro fazer quando viajo: não só experimentar a comida local, mas a cerveja também 🍻

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Quais passeios fazer no Parque Nacional de Anavilhanas

Os dias que passamos em Novo Airão, no Parque Nacional Anavilhanas, tiveram uma rotina bem definida: acordar, café da manhã (a funcionária da casa nos trazia diariamente pão fresco e preparava o café da manhã), passeiar de barco, voltar e almoçar, relaxar um pouco, sair para caminhar e tomar um sorvete na cidade, jantar e curtir o fim do dia na rede ou na varanda. Nada mal, certo? Pois acredite em mim quando falo que não é necessário gastar os tufos para visitar a Amazônia sem perrengue.

Tem muito coisa para ver e fazer em Novo Airão. Em qualquer época do ano é possível preciar a rica flora e fauna amazônica, fazer passeios de barco e trilhas na selva, nadar nas águas do rio Negro, interagir com botos no Flutuante dos Botos, conhecer comunidades tradicionais ribeirinhas e o artesanato de Novo Airão e, na época da seca, curtir as praias paradisíacas nas margens do Rio Negro que eu tanto já falei.

Flutuante dos Botos

O Flutuante dos Botos ficava bem na frente do nosso Airbnb, mas estava fechado por causa da pandemia – ficamos bem chateados em não poder ver a alimentação de botos e tirar aquelas lindas fotos com os animais.

Os botos amazônicos são os maiores golfinhos de água doce do mundo, chegam a ter 2,5 metros e pesar 200 kg!

Acontece que os golfinhos, condicionados a ir cerca de 8 vezes por dia ao local para se alimentar, continuavam ali pela região, mesmo sem haver o público rotineiro. Então, basta ligar os pontos: botos por ali, flutuante na frente do nosso Airbnb, praia em frente nosso Airbnb = tivemos companhia dos botos enquanto curtíamos a praia, com total exclusividade: só nós e os botos.

Passeios de barco pelo Rio Negro

Do restante, os passeios são todos feitos de barco, e você pode escolher como prefere: só passeio contemplativo, passeio com caminhada pela floresta para conhecer e encontrar as árvores gigantes – samaúma, passeio de barco com trilhas floresta adentro, como a trilha para as Grutas do Madadá ou para as ruínas de Velho Airão, ou mesmo uma expedição de barco para o Parque Nacional do Jaú.

Velho Airão é a antiga vila que foi abandonada pelos moradores na década de 1950 – reza a lenda que em razão de uma praga de formigas, mas provavelmente em razão do declínio do ciclo da borracha na região.

Em qualquer desses passeios, uma das coisas mais interessantes é apreciar a vegetação, sua diversidade, as formas, os milhares tons de verde, a interação da vegetação com a água, e coma ajuda dos guias super experientes, dá para avistar diversos animais.

Pedra do Sanduíche e Praia do Camaleão

Um dia fomos até a Pedra do Sanduiche, uma formação rochosa milenar, que realmente lembra um sanduiche de pedras, parece que foram colocadas à mão uma em cima da outra. Dali, começa uma trilha lindíssima pela floresta em direção às Grutas do Madadá, que são dois conjuntos compostos por blocos de arenito de cerca de 700 milhões de anos. Eramos 4 adultos e 3 crianças (idades entre 7 e 10 anos) e levamos cerca de 1h30 para ir o mesmo tempo para voltar.

No trajeto de barco de volta, paramos na praia do Camaleão para um merecido banho.

Praias do Rio Negro

Em outro dias passeamos de barco pelos igapós, em outro dia navegamos pelas ilhas do arquipélago e paramos nas praias do Meio, Folharal e Paraná da Onça, em outro dia navegamos por ali, nem sei exatamente por onde, mas todos os lugares, canais, ilhas e ilhotas pelas quais passamos eram deslumbrantes.

Se tivéssemos mais um dia, teríamos feito novamente um passeio de barco, pois há tantos igapós, tantas ilhas, tantos canais, cada um tão mais bonito que o anterior, que te garanto que não faltará vontade de sair mais uma vez para apreciar a natureza da região.

Focagem notura

Fizemos também o passeio de focagem noturna, em que avistamos muitos animais: preguiça, jacaré, cobras, diversas aves, peixes pularam dentro do nosso barco, enfim, foi uma aventura!

Comunidades tradicionais

Também é possível fazer passeio de barco para visitar comunidades tradicionais locais, mas em razão das medidas de restrição da época não pudemos ir conhecê-las.

Contato dos barqueiros

Nossos barqueiros foram o Ceará, Zezão e Euler, tudo organizado pela Cilene (92 9113-2444), da associação dos barqueiros de Novo Airão. Sempre que possível, contrate seus passeios diretamente com os prestadores locais, evitando intermediários – assim você garante que seu suado dinheirinho está indo diretamente para as mãos das pessoas (simples) que vivem lá e que tornam aquele destino tão mágico e especial.


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