Guia completo para visitar Zanzibar: roteiro e dicas

Ah Zanzibar! A ilha tropical das praias azul turquesas e séculos de história. Um paraíso no Oceano Índico que nunca nos meus maiores sonhos de juventude imaginei que um dia visitaria. Pois eis que a gente fez acontecer o tão aguardado safari no Serengeti e, ora bolas, por que não, já que estamos ali pertinho, dar um mergulho nas águas surreais de Zanzibar?

Zanzibar foi o encerramento perfeito de uma das viagens mais épicas dos últimos tempos: um lugar para descansar, mergulhar na cultura e se apaixonar pela mistura única de África e Arábia. Achei que seriam apenas uns dias de folga, mas se mostrou um dos destinos mais marcantes que já conheci.

E o curioso é que Zanzibar não é só praia. São séculos de história em Stone Town, aromas de especiarias que lembram antigas rotas comerciais, ruas estreitas onde diferentes mundos se encontram, florestas tropicais e cavernas inundadas.

Então vamos lá! Preparei este roteiro de Zanzibar para compartilhar tudo que você precisa saber para conhecer essa que é uma das ilhas mais fascinantes de nosso planeta: como chegar, onde se hospedar, o que fazer, como se locomover, quando ir e várias dicas bacanas para te ajudar a planejar essa viagem e vivenciar esse lado da África que te surpreenderá.
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Zanzibar: onde história, especiarias e praias paradisíacas se unem

Zanzibar é um arquipélago no Oceano Índico, na costa do leste da África, bem próximo a linha do Equador.

É uma região autônoma que se uniu a Tanganica em 1964, formando a atual República Unida da Tanzânia – ou, simplesmente, Tanzânia. Zanzibar conta com seu próprio governo e presidente, mas os cidadãos dali também votam para escolher o presidente da Tanzânia (porém o oposto não).

O arquipélago de Zanzibar é composto por duas ilhas principais: Unguja (usualmente chamada de Zanzibar) e Pemba. A primeira (Unguja) é a mais visitada pelos turistas e foi onde passamos oito dias durante nossa viagem pelo Quênia e Tanzânia.

A população de Zanzibar é, em sua quase totalidade, muçulmana, enquanto na Tanzânia continental, os muçulmanos representam cerca de 10% da população.
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Como chegar em Zanzibar

Sendo uma ilha, é possível chegar em Zanzibar de avião ou ferry.

O Aeroporto Abeid Amani Karume (código ZNZ) fica próximo a Stone Town e recebe voos de diversas localidades da África, da Europa e Oriente Médio.

Após nosso safari no Serengeti, voamos de Arusha (código ARK) à Zanzibar com a Air Tanzania. O Aeroporto Kilimanjaro (código JRO), a cerca de 1h – 1h30 de Arusha, também tem voos para Zanzibar.

De barco, a forma mais fácil de chegar à Zanzibar é com ferries que partem de Dar Es Salaam, a capital da Tanzânia. Há diversas empresas que operam a partir do terminal marítimo das cidades, o trajeto leva ao redor de 1h30, a depender da embarcação, com várias saídas ao longo do dia. Dentre as companhias que operam a rota estão Zan Fast Ferries e Azam Marine Ferries.
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Gráfico do clima ao longo do ano em Zanzibar, indicando temperaturas máximas e mínimas e volume pluviométrico a cada mês

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Quando ir à Zanzibar

Zanzibar é daqueles destinos que podem ser visitados a qualquer época do ano – como sempre digo, a melhor época é aquela que você pode!

Mas é bom saber que a época de chuvas em Zanzibar é de março a maio, e em novembro e dezembro (veja no gráfico acima). Em geral, são chuvas rápidas que não chegam a atrapalhar a programação.

Então se você busca aproveitar as praias, a melhor época para visitar é na época seca, de junho até outubro – que também coincide com a época seca na parte continental da Tanzânia, que é a mais indicada para fazer safari. Os meses de janeiro e fevereiro tendem também a ser secos, garantindo bons dias de praia.

As temperaturas são altas o ano inteiro, variando de 22ºC a 34ºC, sendo mais altas nos meses de dezembro a março.

Nós fomos à Zanzibar em julho e pegamos um clima excelente! Temperaturas agradáveis durante o dia, não era aquele calor de morrer não, e ao escurecer a temperatura caía um pouco, com aquela brisa gostosa. Alguns dias esteve nublado, com muitas nuvens no céu – pensei que choveria, mas as nuvens escuras só deram mais dramaticidade para as fotos.
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Quanto tempo ficar em Zanzibar

Zanzibar é uma ilha grande, com diversas atrações e pontos de interesse. Quanto mais tempo você tiver para passar na ilha, melhor: Zanzibar é um local que te convida ao slow travel, a explorar com calma sua rica história e lindas paisagens. Mas, sendo realistas, não temos todo o tempo (e dinheiro) que gostaríamos ter, então precisamos ser pragmáticos ao planejar o roteiro da viagem por Zanzibar.

Se você for ficar até 3 dias em Zanzibar, recomendo estabelecer sua base em Stone Town. Conhecer a cidade antiga de Stone Town é essencial para entender a história e a importância da ilha. Dali é possível fazer passeios bate-e-volta para praias, como Nakupenda ou Paje, e para o interior da ilha – recomendo os tours para Floresta Jozani, cavernas e fazendas de especiarias).
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Com 4 a 7 dias em Zanzibar, minha sugestão é ficar 2 ou 3 em Stone Town: um dia para explorar a cidade (há diversos tours, fizemos este), outro para conhecer Prison Island e Nakupenda e, se te interessar, um terceiro dia para um tour pela Floresta Jozani e fazenda de especiarias. Os demais dias são para aproveitar o mar mais azul turquesa da vida no norte da ilha, em Kendwa ou Nungwi (adiante estão nossas sugestões de hospedagem). Na realidade, fica a seu critério decidir quantos dias passar nessas praias, conheço pessoas que passariam, facilmente, semanas por ali!

Se você tem uma semana ou mais em Zanzibar, dá para dividir sua estada em três bases: alguns dias em Stone Town, outros em praias do norte da ilha (recomendo Kendwa e Nungwi) e mais outros dias em outras praias. Ficamos oito dias em Zanzibar e, além de Stone Town e as praias do norte, fomos a Bwejuu, no leste, próximo a Paje, porém não gostei muito da praia. Em conversa com outros viajantes, me disseram que Jambiani é uma opção mais interessante.
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Onde se hospedar em Zanzibar

Onde se hospedar em Stone Town

Stone Town, a principal cidade da ilha de Zanzibar, com certeza vale uma visita.

Depois de fazer safari no Serengeti, tentamos ao máximo segurar o orçamento nos dias que passamos em Zanzibar e buscamos o melhor custo benefício possível em Stone Town. Se você está nessa pegada, dê uma olhada no Hotel Aurelia Zanzibar. Localizado nos limites da cidade antiga (ainda que não em sua parte mais bonita), o hotel é simples, porém bem ajeitado. Hassan, responsável pela recepção, foi extremamente parceiro e nos ajudou em tudo que precisamos, especialmente em nos indicar o Salim (contato whatsapp +255 773 292 930), motorista nota dez que nos levou para todos os cantos da ilha. Só atenção, pois o hotel tem quartos espalhados por três andares e não tem elevador.

Outras acomodações que eu havia selecionado em Stone Town foram o Maru Maru Hotel e o Golden Tulip Stone Town. Dentre as melhores opções da cidade antiga estão o Tembo House Hotel e o Mizingani Seafront Hotel e, para orçamentos mais avantajados, recomendo o Zanzibar Serena Hotel e o Neela Boutique Hotel.
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Onde se hospedar em Nungwi

De Stone Town fomos, com nosso motorista Salim, ao norte da ilha de Zanzibar, e ficamos hospedados na praia de Nungwi, no Hotel Kilimanjaro. O hotel tem uma piscina pequena porém bastante agradável, que foi a diversão das crianças, quartos de bom tamanho, com decoração bastante simples e um banheiro mais simples ainda. O café da manhã, servido individualmente, era ótimo e as opções variavam a cada dia. O Wi-Fi era bastante precário, assim como em qualquer outro lugar da ilha.

Apesar do Hotel Kilimanjaro ficar perto da praia, e ter algumas opções de restaurantes nas proximidades, o centrinho da vila de Nungwi e as principais praias ficavam a uns 15 – 20 minutos de caminhada. O fato do hotel ficar em frente ao aquário fazia com que houvesse um grande assédio por parte de vendedores na região. Aliás, aí está outra coisa que acontece muito em Zanzibar: vendedores insistentes e inoportunos (achei o assédio dos vendedores pior do que no Marrocos). Vá preparado.

Outras opções na região Nungwi que eu havia pré-selecionado foram o Boutique Ocean View Nungwi, o Diacarisma Boutique Resort Nungwi e o Chikachika Beach B&B – este aqui fica bem próximo ao nosso hotel e fomos lá jantar duas noites, adoramos (o restaurante se chama Cafe Dodoki).

Há diversos resorts de alto padrão de frente para o mar (muitos com praias privativas) e, se seu orçamento permitir, recomendo muito. Ao caminhar pela praia, passamos pelo Turaco Nungwi Resort, pelo Veraclub Sunset Beach e também pelo My Blue Hotel, um mais espetacular que o anterior!
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Onde se hospedar em Paje & Bwejuu

Escolhemos um hotel bem confortável em Bwejuu para nossos últimos dias em Zanzibar. O Sand Beach Boutique Hotel foi, sem dúvida alguma, o melhor hotel de nossa viagem. Se você quer passar uns dias relaxando na piscina do hotel, com um ótimo serviço de quarto e um restaurante bem gostoso no local, é uma boa pedida.

Ali na região, fomos um dia caminhando pela praia para almoçar no restaurante do The African Paradise Beach Hotel: além da comida ser ótima e o atendimento excelente, a praia naquela região estava mais limpa comparada ao trecho próximo ao nosso hotel. Entre os dois, eu ficaria com o African Paradise. Outro restaurante em que comemos, que pareceu também uma ótima opção nessa região, foi o Kijani Beach Villas, que conta com chalés lindíssimos de frente para o mar.

Uma amiga que foi a essa região de Zanzibar na mesma época, disse que as praias ao sul de Paje são melhores. Não fomos até lá, então não posso lhe garantir, porém ela ficou em Jambiani, no New Teddy’s on the Beach e curtiu – o hotel em si parece mais simples que o Sand Beach Boutique Hotel, porém a praia parece melhor, cabe a você decidir.
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Como se locomover por Zanzibar

Se você busca uma viagem com certo nível de conforto, não conte com o transporte público em Zanzibar. Os dala-dala são o transporte usualmente utilizado pelos locais: caminhonetas adaptadas para levar passageiros com bancos de madeira na carroceria. Se quiser um pouco de aventura, bora lá, certamente renderá uma boa história para contar.

As melhores opções para circular pela ilha de Zanzibar são com carro alugado ou se valendo de tours, taxis e tuk-tuks.

Alugar um carro é sempre uma boa alternativa para quem quer flexibilidade e autonomia: nada como ter suas próprias rodas para explorar as diversas praias da ilha. Porém em Stone Town ter um carro só lhe trará dor de cabeça e gastos com estacionamento; tudo na cidade se faz a pé.

Mas antes de já clicar aqui e reservar seu veículo, é importante levar em conta que em Zanzibar se dirige na mão inglesa, ou seja, ao contrário do Brasil. Não é um bicho de sete cabeças, mas requer um pouco de coragem e certo tempo para se adaptar – nesse post com nossas dicas da África do Sul conto nossa experiência de dirigir na mão inglesa.

Outro fator ao considerar antes de decidir por alugar um carro é que o trânsito em Zanzibar é caótico. As estradas não têm sinalização, pessoas e animais andam pela pista, o asfalto é precário, há algumas paradas com policiais de conduta duvidosa, enfim, é para quem tem um espirito de viajante livre e uma boa dose de flexibilidade.

Por isso, e também pois queríamos um pouco de descanso depois dos intensos dias no safari, optamos pela comodidade de contratar tours e ter alguém dirigindo por nós. Recomendo o Salim (contato whatsapp +255 773 292 930), motorista muito gente boa e ponta firma que nos levou de um hotel a outro durante nosso roteiro em Zanzibar.
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O que fazer em Zanzibar

O que fazer em Stone Town

Stone Town é a antiga capital do Sultanato de Zanzibar, durante séculos uma das cidades mais importantes da rota marítima das especiarias, e teve também grande relevância no comércio de escravos nos séculos XVIII e XIX. A cidade se formou, ora sob influência swahili, ora árabe (especialmente do Sultanato de Omã), ora indiana, persa e europeia, enfim, um caldo de culturas, tudo junto e misturado, criando um microcosmo único e riquíssimo.

É essa história que faz com que, hoje, suas ruelas estreitas e construções de pedra – que aparentam o peso dos séculos – sejam Patrimônio da Humanidade da UNESCO. Reserve um dia para explorar a cidade.
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Passeio a pé pelas ruas da cidade antiga da Stone Town

Fizemos um walking tour de Stone Town com o guia Mau, que de mau só tinha o nome mesmo, era a gentileza em pessoa e conhecia profundamente a história da cidade. Recomendo muito fazer a visita guiada, para aprender o máximo possível sobre as origens de Stone Town e todos os elementos que moldaram o que hoje vemos.

Começamos a visita pelo Mercado Daranjani, daqueles lugares onde tudo acontece: barracas de frutas, leilão de peixes e frutos do mar, aves vivas e abatidas, especiarias, comidas de todo tipo, enfim, aquela profusão caótica de cheiros e cores típica de mercados de rua mundo afora.

Depois seguimos para o Mercado de Escravos e para a casa de Freddie Mercury, adiante comento cada um em detalhes.
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Mas o melhor mesmo de Stone Town está em caminhar sem rumo pelas ruelas, descobrindo portas trabalhadas, lojas pequenas e cafés escondidos, em construções que, em outros locais, teriam há muito tempo sido demolidas.

Passamos por mesquitas, templos hindus, igrejas católicas e anglicanas e pelo famoso “Jaws Corner”, onde o guia foi essencial para nos contextualizar na importância do local, aparentemente banal. Conhecemos o Forte da cidade – com muralhas feitas de coral! – e a história da House of Wonders. Caminhamos pela orla da cidade e pela praça Forodhani, que ferve ao entardecer com barraquinhas de street food e o melhor pôr do sol de Stone Town.

Outro fato interessante é que ali na orla de Stone Town ocorreu a guerra mais curta da história. Em 27 de agosto de 1896, o Reino Unido exigiu que o novo sultão de Zanzibar renunciasse ao trono. Com a recusa, a armada britânica abriu fogo contra o palácio do sultão, numa guerra que durou 38 minutos e acabou com a morte de centenas de pessoas, a fuga do sultão e Zanzibar perdendo sua autonomia e sendo anexada ao império britânico.
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Mercado de Escravos de Stone Town

No nosso walking tour por Stone Town, uma das paradas foi a Catedral Anglicana, construída no local do antigo mercado de escravos. Um mercado em que pessoas eram vendidas como mercadoria, que funcionou até 1909. Há painéis contando detalhes sobre o tráfico de escravos e é possível visitar as celas em que aqueles que haviam conseguido sobreviver à longa e cruel jornada desde o interior do continente até a ilha eram mantidos presos enquanto aguardavam ser vendidos.

É uma visita adequada para crianças?  Não há limite etário mínimo para o Mercado de Escravos de Zanzibar.

Quem acompanha o blog ou meu Instagram, já sabe: eu acredito que lugar de criança é no mundo inteiro. Já estivemos com nossas filhas em museus e memoriais que lembram períodos difíceis de nossa história, como o Memorial da Paz em Hiroshima e o Túnel da Esperança em Sarajevo.

Acredito que as crianças podem, e devem, ter contato com essas facetas da nossa história. Visitar um mercado de escravos é uma experiência muito mais intensa que ler sobre o tema nos livros de história. O importante é preparar: converse antes sobre o que irão encontrar, com palavras que façam sentido para a idade, e esteja aberto às perguntas – podem surgir várias questões interessantes. Com isso, as crianças criam repertório para entender o passado e, assim espero, atuar para que nunca mais se repita.
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Casa de Freddie Mercury

Um dos pontos turísticos mais improváveis de Stone Town é um tributo a um dos maiores artistas de todos os tempos, o genial e inigualável (será que sou pouco fã?) Freddie Mercury.

Nascido Farrokh Bulsara em 5 de setembro de 1946, Freddie Mercury era filho de pais indianos de ascendência persa e viveu em Stone Town até os oito anos de idade. Na época a Tanzânia era colônia britânica. Imagino que todo esse caldo cultural tenha contribuído para o legado que Freddie nos deixou. Hoje o local abriga um pequeno museu, com fotos e objetos da família, manuscritos e outros artigos do cantor. Dizem ser bem interessante para os fãs, mas não entramos, preferimos ficar perambulando pelas ruelas da cidade.
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Passeio para Nakupenda Sand Beach e Prison Island

Se tem uma coisa que me arrependo é de não ter feito o passeio para Prison Island e Nakupenda Sand Bank. Por favor, não cometa essa mesma burrada.

Depois de seis dias de safari no Serengeti, estávamos bem cansados e queríamos uma folga – afinal, foi para isso que fomos a Zanzibar. Um passeio de dia inteiro de barco, debaixo do sol é cansativo, e como teríamos praia de sobra ao chegar em Nungwi e Paje, pensamos que seria “meio que tudo igual”. Decidimos ir direto para as praias do norte da ilha.

Resultado: poderíamos ter feito esse passeio enquanto estávamos hospedados em Stone Town (é muito perto!), teríamos mais uma noite para curtir a cidade e, em troca, reduziríamos um dia na costa leste da ilha (não gostei dessa região, adiante explico). Teríamos aproveitado muito melhor nosso tempo e feito um passeio que, depois percebi, é um dos melhores e mais bonitos de Zanzibar.

Uma das paradas do passeio é em Nakupenda, um banco de areia com áreas de snorkel próximas, e outra na Ilha do Presídio (Prison Island). Como o nome sugere, essa ilha foi usada como presídio na época do tráfico de escravos, e hoje abriga uma colônia de tartarugas gigantes que foram trazidas de Seychelles.

O link para reservar está aqui, com opção que aceita parcelamento em reais aqui.
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Praias do norte: Kendwa e Nungwi

Pense na praia paradisíaca: areia branca fininha, mar azul turquesa, quase sem ondas, alguns rochedos aqui e ali com árvores e palmeiras. Estou convencida que o imaginário popular da praia perfeita surgiu das águas do norte de Zanzibar.

Kendwa e Nungwi são as principais praias da região, uma mais linda que a outra. Kendwa tem um areial maior, sendo melhor para quem gosta de caminhar pela areia. Nungwi é recortada por rochedos, formando diversos trechos de pequenas praias.

Ambas são dominadas por hotéis de alto padrão, sendo alguns trechos da praia “privativos” dos hotéis, especialmente em Nungwi. Você consegue chegar aos vários trechos da praia caminhando pela areia durante a maré baixa, mas quando a água sobe, a única forma de sair é por dentro dos hotéis. E pensa se não aconteceu isso conosco! Chegamos na praia logo cedo, nos instalamos num cantinho maravilhoso, e dali a algumas horas, quando resolvemos ir embora, nos demos conta que estávamos “ilhados”: a única saída era pelo Veraclub Sunset Beach. Subimos a escada que liga a praia ao hotel com a melhor cara de riqueza que foi possível, para imediatamente sermos parados por um segurança e escoltados até a saída.

Nungwi é a principal vila do norte da ilha. Não espere nada sofisticado, é um vilarejo bastante simples, com algumas poucas ruas de areia batida e lojinhas de souvenirs, restaurantes, centros de mergulho e mercadinhos por todos os lados. Ali está a maior concentração de hotéis e pousadas da região, e foi onde nos hospedamos no Hotel Kilimanjaro.
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Onde comer em Nungwi

Os lugares que fomos e gostamos em Nungwi são:

Juvina cafe: ambiente simples e aconchegante, a Sra. Juvina é uma simpatia, muito atenciosa, e prepara uma panqueca de nutella sensacional. O capuccino e sucos também são nota dez. Não deixe de conhecer, foi o local que mais gostamos em Nungwi.

MJ Cafe Nungwi: comida boa, atendimento acima da média, preço bom. Para ter uma ideia, almoçamos lá em 3 dos 4 dias que ficamos em Nungwi. O único ponto negativo é que não vende cerveja, mas você pode comprar no mercado e tomar lá.

Fish Market Local Restaurant: com vista do mar, comida boa, preços razoáveis.

Cafe Dodoki, dentro do hotel Chikachika Beach B&B: como estávamos hospedados naquela parte do vilarejo, jantamos lá duas vezes, a comida é ótima e o ambiente agradável.

Busara Local Restaurant: ao lado do Cafe Dodoki. A comida estava boa e a cerveja geladíssima, porém o atendimento foi muito lento.

Secret Garden Coffeshop Nungwi: ambiente gostoso, um pouco afastado da rua principal do vilarejo, fomos lá num dia em que a Juvina estava fechada.
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Praias do leste: Jambiani, Paje, Bwejuu e Pingwe

A costa leste da ilha de Zanzibar é uma das áreas mais procuradas pelos turistas, especialmente no vilarejo de Paje, que conta com a melhor estrutura da região. Na realidade, há uma única grande praia, que recebe diversos nomes, na direção sul-norte: Jambiani, Paje, Bwejuu, Dongwe e Pingwe. Ficamos hospedados em Bwejuu e caminhamos pela areia tanto em direção a Paje, quanto a Dongwe.

Essa região é perfeita para o kitesurf, há diversas escolas e centros de aluguel de equipamentos. Mas se você, como nós, não foi lá pelo esporte, pode ficar tranquilo: achei o vento suportável, minha impressão é que no Ceará venta muito mais.

Importantíssimo observar que todas as praias da costa leste de Zanzibar têm uma enorme amplitude de marés: o mar recua muito na maré-baixa e sobe muito na maré-alta. Se você quiser entrar na água, só é possível durante a maré alta. Veja as duas fotos acima e leve em consideração que não foram feitas nos horários de pico das marés – ou seja, fica ainda mais extremo que isso.
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Mas preciso ser franca com vocês: não conte com mergulhos no mar na praia de Bwejuu. Nas fotos o visual é lindo, porém a praia está lotada de lixo. Garrafas plásticas, embalagens de todo tipo, cacos de vidro, sapatos velhos e sabe-se lá mais o que se misturam às algas trazidas pelo mar, num campo minado de incidentes a cada metro percorrido. Uma pessoa do nosso grupo cortou o pé ao caminhar pela praia, levou três pontos e uma semana de antibióticos.

Um pouco mais a norte de Bwejuu está a praia de Pingwe, com um dos cartões postais de Zanzibar, o restaurante The Rock. Iríamos até lá no dia em que tivemos o incidente na praia, então trocamos o restaurante pela clínica médica MedExpress – por sinal, muito boa para emergências deste tipo. Ouvi opiniões contraditórias sobre o The Rock: alguns amaram, outros acharam que não valeu o deslocamento, porém todos concordaram que os preços são inflacionados. A praia, pelo que vi nas fotos, é muito parecida com Bwejuu e Paje. Há diversos tours saindo de Stone Town que vão até o The Rock, como este ou este com parcelamento em reais. Se você for, me conte lá no Instagram o que achou!
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Floresta Jozani

A Floresta Jozani, oficialmente chamada Parque Nacional Jozani Chwaka Bay, é o único parque nacional de Zanzibar, e abriga uma espécie de macaco endêmica da ilha, o macaco colobus vermelho. Fica no sudoeste de Zanzibar, entre Stone Town e Paje. Visitamos com um tour enquanto estávamos hospedados em Bwejuu, porém é possível visitar a partir de Stone Town.

A visita é feita com um guia oficial do Parque. Após o pagamento da taxa de ingresso, acompanhamos os guias por trilhas planas e fáceis pela floresta, em busca dos famosos macacos – vimos tanto os red colobus quanto os black colobus. Depois vamos a outra parte do parque, onde caminhamos por passarelas de madeira sobre um manguezal, enquanto o guia explica as características do mangue e das espécies de plantas e animais que formam o ecossistema.

No geral, achei uma visita interessante e agradável, mas não a definiria como imperdível. Se você estiver com tempo, ou quiser fazer algo além das praias, é uma ótima ideia. O passeio dura meio-período (clique aqui para mais detalhes), o fizemos junto com a visita a uma fazenda de especiarias.
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Fazenda de especiarias

O arquipélago de Zanzibar é conhecido como “Ilhas das Especiarias”, dada a importância que a região teve (e ainda tem) no comércio mundial desses produtos.

Há diversas fazendas abertas à visitação. Fomos à Shabuta Spice Farm após a visita à Floresta Jozani. Ao contratar o tour, achei que seria um passeio meio “pega-turista”, mas resolvi arriscar e, ao final, adorei. A visita é feita com um guia que explica cada especiaria e nos dá uma amostra – é uma profusão de cheiros, cores e texturas que não tem como não ficar fascinado. Ao final, há um show de um escalador de coqueiros e uma deliciosa água de coco. Durante o percurso, há duas barraquinhas da fazenda vendendo produtos, numa cosméticos (óleos vegetais, sabonetes, hidratantes) e em outra as especiarias – nem preciso dizer que voltei com várias.

Confira mais informações sobre o tour, e também há opções com parcelamento em reais.
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Cavernas

Há diversas cavernas em Zanzibar, grande parte concentrada na região leste da ilha. As usualmente mais visitadas são Kuza Cave, The Cave (sim, se chama “A Caverna”), Maalum Cave e Kurumbi Cave. Não conseguimos visitar pois seria justo no dia que a programação de lazer foi trocada pela visita ao pronto-socorro. Se você for, me conta lá no Instagram!

No lado oeste da ilha há a Salaam Cave, que muitos tours incluem nos pacotes: ali é possível nadar com tartarugas, alimentá-las e até tocá-las. Não é o tipo de turismo que gosto e fiquei em dúvida sobre a ética supostamente conservacionista do local. Em Nungwi, em frente ao nosso hotel, há um estabelecimento semelhante; pelas mesmas razões não visitamos.
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Documentação para visitar Zanzibar

Zanzibar é uma região autônoma da Tanzânia e, portanto, as regras de ingresso na ilha são aquelas aplicáveis à Tanzânia, com algumas exigências adicionais.

Visto

Brasileiros precisam de visto para entrada na Tanzânia. O visto pode ser solicitado online antecipadamente ou na chegada ao país. Pelas informações que obtive na internet, o prazo para deferimento das solicitações online é longo, sendo recomendado que seja solicitado de 2 a 3 meses antes da viagem. Custa US$ 50 e permite uma única entrada e estadia por até 90 dias. Como contei no post sobre nosso roteiro no Quênia e Tanzânia, descobrimos em cima da hora a necessidade de visto e deixamos para fazer na chegada, no posto de fronteira terrestre de Namanga (entramos na Tanzânia continental por terra). Foi demorado e burocrático, mas deu certo.

Importante também atentar que o passaporte deve ter validade mínima de seis meses a partir da data de entrada na Tanzânia.
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Seguro-saúde específico de Zanzibar

Para a Zanzibar, em adição ao visto da Tanzânia, é necessário um seguro saúde específico da ilha. Pode ser feito na chegada, mas recomendo que seja feito antecipadamente online, fica pronto na hora (pagou, levou). Custa US$ 44 por adulto, US$ 22 por criança e vale por 92 dias consecutivos.
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Vacina febre-amarela

A vacina de Febre Amarela é obrigatória para visitantes oriundos do Brasil.

Mesmo que você ainda não tenha marcado a viagem à Zanzibar, tome a vacina o quanto antes. É oferecida gratuitamente pelo SUS, e uma dose protege por toda a vida. Para viagens internacionais, é essencial ter o comprovante internacional de vacinação, que você pode obter pelo site gov.br e prender com um clipe (nada de grampear!) no seu passaporte – estará ali sempre pronto e você nunca mais precisará se preocupar com isso.

Além disso, recomendo fortemente atualizar a carteirinha de vacinação antes de viajar. Procure um posto de saúde, ou faça a consulta do viajante do SUS caso disponível na sua cidade.
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O que vestir em Zanzibar

Zanzibar é uma ilha tropical, mundialmente famosa pelas belíssimas praias e infinito mar azul. É também uma ilha majoritariamente muçulmana: 99% da população residente é praticante do islamismo.

As mulheres locais se vestem de acordo com os ditames islâmicos: corpo coberto, roupas largas, usualmente saia e blusa de mangas compridas, e cabelos envoltos pela shayla (lenço solto), hijab (lenço mais ajustado) ou niquab (em que apenas os olhos ficam visíveis), inclusive quando estão caminhando pela praia. Não vi nenhuma mulher local na água.

No entanto, não há restrições para turistas. É possível usar biquini na praia e andar de shorts e blusinha nos vilarejos. Porém, assim com quando visitei o Marrocos, eu me esforço ao máximo para respeitar os costumes e os códigos de vestimenta locais. Vejo isso como parte da riqueza cultural que me levou ali. Da mesma forma que não gostaria de ver turistas afrontando nossos costumes, tampouco irei afrontar os costumes dos locais que me recebem. Não viajo para doutrinar, viajo para conhecer.
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Usei maiô na praia, porém assim que me retirava da praia, cobria os joelhos e os ombros. Nas demais ocasiões, seja em Stone Town ou ao caminhar pelos vilarejos das praias, usei vestidos soltos com manga, ou saia longa e camiseta. Não usei lenço cobrindo os cabelos. É possível se vestir dentro do seu estilo pessoal num país muçulmano, só requer um pouco de empatia, algo que imagino que todas minhas leitoras tenham de sobra.

Para os homens tudo é bem mais tranquilo (como sempre). No entanto, recomendo usar bermudões (de preferência na altura do joelho) e estar sempre com a parte de cima. Nada desfilar o tanquinho, ou a pança, fora da areia da praia, hein?

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Que expectativas ter em relação à Zanzibar – dicas práticas

Zanzibar é um destino multifacetado: Stone Town é interessantíssima por sua história, o mar é lindo, há passeios incríveis, a comida é boa e os preços são razoáveis. Os dias que passamos lá renderam preciosas memórias.

Porém, como todo local, há um lado-B. Aqui trago algumas coisas que eu gostaria de ter sabido antes de ir para Zanzibar:

A estrutura da ilha é, em geral, muito precária. Exceto dentro dos limites dos hotéis de altíssimo padrão, não espere nada sofisticado, especialmente no que diz respeito a infra-estrutura.

– É comum faltar luz, às vezes por diversas horas. Faltou luz todos os dias que estivemos em Zanzibar.

– O sinal de internet, seja Wifi ou celular, não funciona direito. Se você pretende trabalhar remoto, Zanzibar não é o destino.

Tem que barganhar tudo, à exaustão. Exceto restaurantes e acomodações, todo o restante tem que ser barganhado. Espere pagar entre 1/3 e 1/2 do valor inicial, ou menos.

– Todas as pessoas que interagirem com você esperam receber uma boa gorjeta. Não sou contra essa prática, acho ótimo saber que meu dinheiro está indo diretamente para quem que me ajudou (especialmente se o serviço superou as expectativas), mas é importante ter isso em mente ao fazer as contas.

– Homens com vestimentas masai, os ‘fake-masai’, estão em todas as praias e podem ser irritantemente insistentes.
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Me perguntaram lá no Instagram se realmente vale a pena ir à Zanzibar. Minha resposta (está nos destaques do perfil): “Então… Stone Town é muito interessante, as praias são lindas, os preços bons, comida boa. Mas acho que só vale SE você for até a Tanzânia ou ao Quênia fazer safari, ou se realmente quiser conhecer Stone Town. Se você quiser ir até lá só pelas praias, acho que tem outros locais de mais fácil acesso que são tão bonitos quanto e proporcionam uma experiência no geral melhor. Para nós valeu a pena. MAS eu teria excluído os dias que ficamos na parte leste da ilha e feito alguma outra coisa – um safari no Amboseli ou um stopover em Addis Ababa”. Falei sobre esses dois passeios alternativos no post com nosso roteiro pelo Quênia e Tanzânia, confira.
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Roteiro completo de nossa viagem ao Quênia e Tanzânia

Nosso roteiro de dezesseis dias pelo Quênia e Tanzânia, com safari no Serengeti e praia em Zanzibar, está em detalhes no mapa abaixo, é só clicar e salvar na sua conta do Google. Quando você for planejar sua próxima viagem ao leste da África, já sabe por onde começar 😉

Nesse post explico como usar o Google MyMaps para planejar uma viagem, é um recurso muito bom, vale a pena conhecer!
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Como usar esse mapa: Clique na aba localizada no canto superior esquerdo do mapa para acessar várias camadas, incluindo pontos de interesse e rotas. Você pode escolher quais camadas visualizar selecionando-as no check-box correspondente. Para obter detalhes adicionais sobre pontos de interesse específicos, clique nos ícones correspondentes no mapa.

É fácil salvar este mapa em sua conta do Google Maps, basta clicar no ícone de estrela próximo ao título do mapa. Para acessá-lo no seu celular ou computador, abra o Google Maps, toque no botão de menu, vá para “Meus Lugares”, selecione “Mapas” e você encontrará este mapa listado entre os seus mapas salvos.
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Aqui estão os sites que sempre uso para planejar minhas viagens:
– 🛏️ Hospedagem: Booking
– ☀️ Passeios: Civitatis & Get Your Guide
– 📱Chip de celular: e-SIM da Airalo
– 🚗Aluguel de veículos: RentCars
– ⚠️ Seguro-viagem: Real Seguros

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